CNI propõe medidas para agilizar comércio do Paraguai, Uruguai e Chile
Enquanto o Brasil avançou na redução da burocracia para
exportar e importar, países da América do Sul ainda precisam investir em
modernização dos processos relacionados ao comércio exterior. Para estimular
esses países, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tem feito convênios
com entidades do setor industrial para levantar os gargalos que impedem um
fluxo de comércio mais rápido.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o BID, levantou 368
oportunidades de melhorias em processos ou políticas públicas relacionados ao
comércio exterior no Paraguai, no Uruguai e no Chile. Para levantar essas
oportunidades, foram feitas reuniões com representantes de empresas
exportadoras e importadoras e de órgãos públicos ligados ao comércio exterior,
totalizando 320 participantes. Ao final do levantamento, foram feitas 263
propostas de solução.
O diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi, contou que a
experiência do Brasil com a criação do Portal Único de Comércio Exterior ajudou
na elaboração de propostas para os três países. O portal foi lançado em 2014, e
passou a ser um guichê único de interação entre o governo e os importadores e
exportadores. “Para criar o Portal Único, foram reunidas pessoas que trabalham
com exportações nas empresas e elas orientaram sobre como era o processo e como
deveria ser. Nossas burocracias são muitos parecidas. O Chile, por exemplo, tem
ainda emissão de fatura e certificado de origem não digitalizados, é tudo no
papel. Hoje, no Brasil quase tudo é informatizado. Fizemos a proposta de
informatizar, dar transparência e evitar atrasos para esses três países”,
disse. Segundo Abijaodi, o BID também fez convênio na Argentina para fazer o
mesmo levantamento.
Para Abijaodi, a redução da burocracia nesses países vai ajudar também os
exportadores e importadores brasileiros. “Como temos um grande comércio com o
Mercosul [Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai] e com o Chile, vamos ganhar
primeiro em rapidez. Aqui no Brasil, com o Portal Único, o processo de
exportação foi reduzido de cerca de 15 dias para 8 dias. Há também ganhos em
transparência. Por exemplo, no Portal Único do Brasil, o exportador coloca
todos os documentos digitalizados dentro dessa página e aí os órgãos que
participam desse processo vão aprovando e o exportador consegue acompanhar o
encaminhamento. Lá nesses países ainda não foi feito isso”,
explicou.
Abijaodi acrescentou que é preciso reduzir os prazos do comércio exterior nos
outros países também. “Quando exportamos para esses países, a nossa saída está
acelerada, está com transparência, está com segurança, mas na chegada encontra
essa dificuldade da burocracia: vai ser tudo em papel e a aprovação demora. E
se eles estiverem importando para nós, lá tem uma demora inicial pela
burocracia e chega aqui no Brasil já está mais acelerado. Precisamos ganhar
prazo tanto na origem como no destino”, acrescentou.
Com o levantamento feito, disse Abijaodi, agora cabe aos governos dos países
implementarem as mudanças.
O resultado do trabalho da CNI e do BID está disponível na internet. Assim,
quem quiser exportar para Paraguai, Uruguai ou Chile pode conhecer todo o
processo nesse site. Segundo a CNI, há um acordo com os países para que na
medida em as mudanças forem implementadas, será atualizado o processo de
exportação e importação no site.