“É uma ‘greve dos caminhoneiros’ multiplicada por trinta”, diz CIESP
Direção da entidade teme desemprego e fechamentos de empresas dentro de noventa dias, quando a crise deve atingir seu ápice
A
crise causada pelo Novo Coronavírus é uma ‘greve dos caminhoneiros’
multiplicada por trinta”. A afirmação é de Emerson Chu, diretor regional do
CIESP, entidade que representa todo o setor industrial de São Carlos e região.
Ele compara a situação atual e seus efeitos ao locaute comandado pelas
transportadoras e pelos caminhoneiros há cerca de três anos e que abalou a
economia nacional.
O setor fabril emprega 23,65% da mão-de-obra formal do município, ou seja, o
volume de trabalhadores que atua com carteira profissional registrada. A média
salarial do setor fabril em São Carlos é de R$ 3.562,08. Existem cerca de 700
empresas atuantes na área industrial em vários setores.
O CIESP São Carlos nega que estejam havendo demissões no segmento neste
momento, mas confirmam efeitos nefastos na economia local a curto, médio e
longo prazo. “Não conhecemos casos de demissões, mas várias empresas sofreram
impacto no faturamento. ”, afirma o diretor regional da entidade, Emerson Chu.
O empresário explica que muitos clientes cancelaram os pedidos nas indústrias.
Alguns por estarem em quarentena e em outros casos, empresas estão com a
produção parada por falta de insumos. Ele afirma que muitas empresas da região
lançaram mão da alternativa das férias coletivas. As que estão funcionando, segundo ele,
adotaram medidas de higiene e de teletrabalho, além de tomar outros cuidados,
como afastar as pessoas que fazem parte dos grupos de risco.
Chu destaca que algumas notícias aliviam o segmento, como as medidas tomadas
pelos governos no sentido de prorrogarem os pagamentos de impostos. Segundo
ele, estas iniciativas são importantes para amenizar os problemas econômicos
neste momento.
Segundo ele, CIESP e FIESP tem feito negociações contates juntos aso governos.
“O Governo Federal já publicou algumas medidas para postergar os impostos dos
próximos meses para outubro e novembro e liberou os industriais de recolher o
FGTS neste momento”.
Por outro lado, ele reclama das linhas de crédito do BNDES, que ele considera
como “inviáveis”. “Quando estes recursos
passam por bancos públicos e privados este dinheiro fica muito caro. Alguns
bancos estão oferecendo renegociações para quem tem empréstimos com carência de
dois meses. Cooperativas oferecem prorrogação desde que a empresa comprove que
a crise vai afetar seu caixa. Em geral as condições até agora apresentadas não
são nada favoráveis”, resume Chu.
O empreendedor ressalta que haverá um forte impacto na economia e que esta
crise vai gerar algum desconforto para toda a cadeia produtiva. “A crise
alcançará o pico nos próximos 90 dias, quando o fluxo de pagamentos será
abalado e quando mais pedidos serão cancelados. Se continuar assim, a situação
deve piorar e deve ocorrer fechamento de empresas. Por isso estamos trabalhando
na busca de alternativas para todos os setores. É uma greve de caminhoneiros
multiplicada por 30”.
GUERRA POLÍTICA – No meio industrial também há quem veja a guerra política como
pano de fundo da atual crise econômica causada pelo novo Coronavírus. É o caso
do empresário Ubiraci Moreno Pires Corrêa. Segundo ele, os governadores
paulistas, João Dória (PSDB) e fluminense, Wilson Witzel (PSC), estariam
mantendo o comércio fechado para desgastar politicamente o presidente Jair
Bolsonaro. “A atividade econômica não pode ficar parada como está. Se
continuarmos assim muita gente vai morrer de fome e a violência vai explodir
com o avanço descomunal do desemprego. Levaremos anos para superarmos a atual
crise. É um absurdo total”, ressalta ele.