Endividamento das famílias alcança 66,5% em maio
Percentual foi maior que o mesmo mês de 2019, quando ficou em 63,4%¨
O número de famílias com dívidas em cheque pré-datado,
cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal,
prestação de carro e seguro recuou ligeiramente em maio, passando de 66,6%, em
abril, para 66,5%. O percentual de endividamento foi maior que maio de 2019,
quando ficou em 63,4%.
A proporção de famílias endividadas, medida pela Pesquisa de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de
Bens, Serviços e Turismo (CNC) foi divulgada nesta última quarta-feira (20).
Segundo a CNC, a quantidade de brasileiros com dívidas ou contas em atraso caiu
0,2 ponto percentual na comparação mensal, ficando em 25,1%. No entanto, houve
crescimento em relação a maio do ano passado, quando ficou em 24,1%.
“Mesmo com as incertezas impostas pela pandemia, a inadimplência não mostra
trajetória explosiva, pelo menos não ainda. Com medidas de auxílio à renda,
como o coronavoucher, as famílias mostram alguma resiliência na quitação de
seus compromissos financeiros”, afirmou, em nota, a economista da CNC
responsável pela pesquisa, Izis
Ferreira.
O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas
ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes aumentou,
passando de 9,9% do total em abril para 10,6% em maio. Esta é a maior proporção
de famílias que permanecerão na inadimplência para um mês de maio desde o
início da realização da Peic, em janeiro de 2010, e a mais elevada desde abril
de 2018.
O total de famílias que se declararam muito endividadas também aumentou em
maio, chegando a 16% e atingindo o maior percentual desde setembro de 2011,
quando o indicador alcançou 16,3%.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, avalia que, apesar das medidas para
enfrentar a crise provocada pelo novo coronavírus, como a injeção de liquidez
na economia e a queda das taxas de juros, a maior aversão ao risco no sistema
financeiro tem impedido que o crédito de fato alcance os consumidores.
“Apesar da pequena queda no mês, o endividamento das famílias está em proporção
elevada, sendo importante também viabilizar prazos mais longos para os
pagamentos das dívidas, como forma de evitar o crescimento da inadimplência nos
meses à frente”, disse Tadros, em nota.
Em relação aos tipos de dívida, o cartão de crédito continua sendo o mais
apontado pelos brasileiros como a principal modalidade de endividamento: 76,7%.
Carnês (18%) e financiamento de veículos (11,1%) também permanecem na segunda e
terceira posições, respectivamente. “O cartão de crédito, apesar de seguir em
primeiro lugar nos principais tipos de dívida, vem perdendo espaço para outros
tipos de dívida, em função de ser uma das modalidades mais caras de crédito. O
endividamento com cartão chegou a representar 79,8% em janeiro deste ano”,
disse a economista.