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Inadimplência não cede e crédito cresce

27/03/2012 18h08 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Inadimplência não cede e crédito cresce

O crédito retomou a trajetória de crescimento em fevereiro, mostrou o Banco Central nesta terça-feira, 27, mas a inadimplência resiste em recuar, o que deve acontecer apenas a “médio prazo”. Com isso, as quedas da taxa básica de juros acabam não sendo repassadas com mais intensidade pelos bancos aos consumidores finais.

 

Depois de ter recuado 0,2% em janeiro, o estoque total de crédito mostrou crescimento moderado de 0,4 por cento no mês passado. Ao mesmo tempo, a inadimplência média manteve-se em 5,8%, estável em relação ao número revisado de janeiro -que era de 5,6%.

Para pessoa física, os atrasos de pagamento com mais de 90 dias ficou em 7,6% em fevereiro e em 4,1% para empresas, também estáveis sobre janeiro.

O principal vilão, segundo destacou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, é o aumento do calote no segmento de pessoas físicas em financiamento de veículos adquiridos sobretudo em 2010, quando o crédito nessa modalidade cresceu 50%.

“A inadimplência resiste em recuar, mantendo-se em patamares elevados sobretudo na parte de veículo. Espera-se que a no médio prazo isso caia”, afirmou Maciel, acrescentando que as instituições financeiras resistem em diminuir a taxa de juro com medo da inadimplência e por uma maior cautela em relação ao cenário internacional.

O técnico, no entanto, não detalhou o que seria “médio prazo” para o BC, limitando-se a dizer que a inadimplência deve recuar ao longo do ano.

No mês passado, a taxa média de juros teve alta de 0,1 ponto, para 38,1% ao ano mas, em março até o dia 15, mostrava queda de 0,3 ponto, para 37,8% ao ano.

Já para pessoa física, a alta nos juros foi de 0,3 ponto em fevereiro, para 45,4% ao ano, enquanto que para as empresas tive queda de 0,1 ponto, para 28,6% ao ano.

Desde agosto passado, o BC tem reduzido a Selic para estimular o consumo por meio do barateamento do crédito. Hoje, a taxa básica de juros está em 9,75% ao ano e a tendência é de que ela continue recuando.

“O crescimento da economia, gerando emprego e renda, vai melhorar a capacidade de pagamento das pessoas, o que reverte inadimplência”, afirmou Maciel. “A flexibilização monetária contribui também para o custo de crédito mais baixo e a maior seletividade dos bancos na concessão de crédito também vão contribuir (para a queda no nível de calote)”, emendou.

Dados parciais de março também mostraram que o spread bancário -diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetivamente cobrada aos clientes finais- permanecia em 28,4%, mesmo patamar de fevereiro fechado.

O governo está determinado em reduzir os spreads usando o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Ou seja, quer que os bancos estatais reduzam os preços dos empréstimos para forçar que seus concorrentes façam o mesmo, como ocorreu em 2008 e 2009, no auge da crise financeira.

 

VEÍCULOS

No mês passado, a inadimplência de pessoa física em financiamento de veículos subiu 0,2 ponto, para 5,5%, a maior taxa da série histórica do BC, ao lado de junho de 2009.

A tendência nesse segmento é de expansão do calote porque o dado de prestação de financiamento vencida de15 a90 dias subiu de 8,1%, em janeiro, para 8,4% no mês passado.

A maior dificuldade que as pessoas estão tendo para pagar as prestações do carro ocorre justamente no momento em que o governo discute maiores estímulos ao crédito neste setor, como informou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nesta segunda-feira.

Depois de crescer a taxas de 50% em 2010, o governo impôs medidas macroprudenciais para conter o avanço dos financiamentos para compra de veículos e outras modalidades, a fim de evitar que os calotes aumentassem. Parte dessas ações já foi retirada.

Em novembro do ano passado, o BC reduziu a exigência de capital para instituições financeiras com operações e carteira com prazo inferior a 60 meses voltadas a pessoas físicas. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária obrigou os bancos a terem mais capital para compensar carteira de empréstimos de longo prazo, com a preocupação de evitar crescimento na inadimplência.

 

CRÉDITO

Depois de recuar em janeiro, o crédito voltou a se expandir chegando a 48,8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ou 2,035 trilhões de reaisem fevereiro. Noprimeiro mês do ano o crédito total disponibilizado pelo sistema financeiro havia registrado a primeira queda desde fevereiro de 2009, em razão de fatores sazonais e também, do mercado cambial.

Este ano, na previsão do BC, o estoque do crédito deve ter crescimento de 15 por cento sobre 2011, quando o volume subiu 19%. A autoridade monetária tem reforçado que a expansão desses recursos disponíveis não carrega riscos inflacionários. (reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)

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