Internet 5G vai revolucionar medicina, ensino, transportes e economia
Nova tecnologia permitirá estreia da “internet das coisas”, que permite conexão direta entre objetos pela rede mundial de computadores
O sinal de 5G puro (sem interferência de outras frequências) estreou no Brasil no dia 6 de julho. A primeira cidade a oferecer o sinal será Brasília. A tendência é que a nova tecnologia revolucione todos os setores sociais, com destaque para agropecuária, indústria, educação, medicina, lazer e transportes entre outros.
Próxima geração da internet móvel, a tecnologia 5G pura oferece velocidade média de 1 Gigabit (Gbps), dez vezes superior ao sinal 4G, com a possibilidade de chegar a até 20 Gbps. O sinal tem menor latência (atraso) na transmissão dos dados. Um arquivo de 5G pode ser baixado em cerca de 40 segundos nesse sistema.
A tecnologia 5G permitirá a estreia da “internet das coisas”, que permite a conexão direta entre objetos pela rede mundial de computadores. Essa tecnologia tem potencial para aumentar a produção industrial, por meio da comunicação direta entre máquinas, e possibilitar novidades como cirurgias a distância e transporte em carros sem condutores.
O professor da UFSCar, Fabio Luciano Verdi, do Departamento de Ciência da Computação explica como será esta revolução em alguns setores. Ele afirma que a partir do sinal 5G será possível baixar filmes ou assistir vídeos em 8K, que é uma resolução alta. Ao invés de esperar minutos, com 5G vai ter uma transferência na casa de segundos. Este é outro impacto nas aplicações”, comenta.
O tráfego de veículos, segundo Verdi, também será afetado com várias facilidades para os motoristas. “Na área veicular, ouvimos o termo ‘veículos autônomos’. O nome sugere a capacidade de processar várias entradas para que um paciente não ocorra, por exemplo. Se tivermos 5G nas rodovias os veículos poderão se comunicar de maneira muito mais rápida. Então, reações serão muito rápidas. Um carro autônomo pode se comunicar com a cidade inteligente, evitando acidentes, revendo a rota para chegar a seu destino. Uma ambulância pode transmitir dados de uma pessoa acidentada em uma rodovia de forma muito rápida e com uma qualidade muito melhor. Esta é a diferença. Redução de latência e alta taxa de transferência, o que habilita uma operação médica muito rápida. Esta será uma área bastante impactada”, explica ele.
O próprio sistema eletromecânico do carro terá novas avaliações. “Voltando para o setor veicular, diagnósticos automáticos serão muito mais rápidas, atualizações do sistema operacional do carro, serão muito utilizadas em redes veiculares. A aplicação de 8k será feita dentro de um carro, se tornando viável com o 5G nas rodovias. Pode, por exemplo, dentro de seu carro ver um vídeo de 8k”, comenta.
Verdi também observa benefícios na medicina tradicional e também na medicina feita remotamente. “No campo da medicina, vai facilitar o monitoramento de pacientes em tempo real. Isso é algo que se fala há muito tempo e que não era viável por questões tecnológicas. Hoje, com o 5G, o paciente pode estar em sua casa, usando sensores ou aparelhos vestíveis, e ser monitorado. Haverá transferência de informações sobre o paciente em qualquer lugar que ele estiver. Basta para isso que exista um celular perto dele. É o uso real de monitoramento de paciente. Hoje, entre 95% a 99% dos brasileiros têm acesso à internet móvel Teoricamente, a partir de que você tenha, acesso a um dispositivo móvel e o sinal 5G, você pdoe3r fazer uma consulta à distância, via celular, numa conexão muito mais eficiente, estável e com qualidade de imagem muito melhor. Temos dois casos de uso, então muito claros. Ainda teremos a capilaridade de chegar a lugares remotos”, destaca o especialista.
DESAFIOS
A tecnologia propiciará em breve novidades até hoje só vistas em filmes de ficção científica. “Um caso de uso ainda com relação à medicina, ainda mais desafiador, serão as cirurgias robóticas. A gente sempre ouve falar, que é um médico fazendo uma cirurgia de forma remota com um braço robótico e um paciente em outro local, geograficamente distante. O que se conjectura é que devido às baixas latências, você consegue operar o robô de uma forma de sintonia fina, próximo do real. É um caso mais desafiador, mas não podemos deixar de mencionar. Pois será uma realidade num futuro bem próximo.”
AGROPECUÁRIA
A agropecuária também será altamente beneficiada, segundo Verdi. “No campo não chega a rede cabeada. Será mais fácil colocar uma antena 5G com cobertura de algumas regiões e, então, permitir que estes equipamentos tenham uma conectividade constante. As aplicações neste caso são inúmeras, que vão do monitoramento da colheita em tempo real, análise da produtividade em tempo real, cálculo de fertilizante necessário para um tipo de terra onde rendeu menos, o tipo de rendimento de cada tipo de grão. Você consegue monitorar seu equipamento em tempo real, pode detectar mais rapidamente o desgaste de uma peça. Você pode conectar toda sua frota e saber onde está cada equipamento. O agropecuarista poderá usar tudo isso, assim como utilizar drones para verificar umidade passar informações para o pulverizador para colocar mais ou menos água em função da umidade daquele terreno”, observa ele.
Segundo Verdi, o setor fabril será também bastante impactado com a novidade. “Na indústria 4.0, a internet 5G deve habilitar alguns casos de uso. Um deles é você ter o equipakmet6jno sempre conectado com o fabricante. Com um chip 5G poderá estar conectado à nuvem do fabricante e fazer análise dos dados daquele equipamento. Para isso podemos fazer uso, inclusive de inteligência artificial. Então você poder monitorar estes dados, treinando estes algoritmos de inteligência artificial para que eles possam aprender as falhas do equipamento e preveni-las. Dado hoje vale ouro, quanto mais dados tivermos, mais capacidade de decisão teremos. Isso é um exemplo. Este mesmo equipamento pode estar conectado pela assistência técnica do fabricante. Um técnico pode atuar remotamente no equipamento. Estamos falando de equipamentos caros, onde a manutenção preventiva vai fazer toda a diferença.”
Além da rede pública de 5G também teremos, conforme explica Verdi, redes privadas. “ A rede 5G pública é o que usuário final vai usar nos nossos celulares. As empresas podem criar as suas redes 5G privadas para conectar os seus dispositivos, os seus softwares, as suas máquinas, os seus sensores. De novo a baixa latência e a alta taxa de transmissão permitem que estas aplicações, como imagens, dados, sensores, controle de logística e monitoramento possam ser transmitidos dentro de uma rede privada 5G de uma forma muito mais rápida. Será uma troca de dados dentro de uma empresa”, explica ele.
EAD E IMAGENS HOLOGRÁFICAS
O especialista também aponta que o ensino à distância (EAD) também será muito beneficiado com a nova tecnologia. Imagens com realidade aumentada, imagens holográficas poderão utilizar o 5G. “O professor poderá ser projetar, dar uma aula num laboratório com imagens ampliadas e mostrar objetos com uma realidade muito boa. Isso poderá ajudar muito no ensino. Isso vai habilitar cursos técnicos rápidos e treinamentos dentro de empresas. Imaginem um mecânico na Mercedes Benz na Alemanha ensinando alunos no Brasil vendo imagens com realidade aumentada. Os alunos vão perceber o veículo na sua frente.”
ACESSO
Para ter acesso à tecnologia 5G, o cliente deve ter um chip e um aparelho que aceite a conexão. O cliente precisa verificar se a operadora oferece o serviço e estar na área de cobertura. O site da Anatel informa a lista de celulares homologados para o sinal 5G puro.