Lançamentos de imóveis caem 14,8% no primeiro trimestre, diz CBIC
A maior queda foi observada na Região Nordeste
As vendas de apartamentos novos cresceram no primeiro
trimestre, mas, devido à pandemia de covid-19, a construção civil reduziu os
lançamentos. As informações são do estudo Indicadores Imobiliários Nacionais do
primeiro trimestre de 2020, realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai
Nacional). Foram coletados e analisados dados de 118 municípios, sendo 18
capitais.
O Brasil registrou aumento de 26,7% nas vendas de apartamentos no comparativo
entre o primeiro trimestre de 2020 e igual período de 2019. De acordo com a
CBIC, o setor vinha em tendência de crescimento desde janeiro de 2018.
Entretanto, acrescenta a entidade, as incertezas no mercado por causa da
pandemia de covid-19 levaram a uma queda de 14,8% nos lançamentos de unidades
habitacionais (18.388 unidades) na comparação do primeiro trimestre deste ano
contra o mesmo período de 2019.
Na comparação com o quarto trimestre de 2019 (59.553 unidades), o melhor
período em lançamentos dos últimos dois anos, houve queda de 69,1% nos
lançamentos. Nessa comparação, as vendas caíram 27,2%. Segundo a CBIC, a maior
diferença foi no Sudeste, com 8.745 lançamentos ou 79,2% menos que no período
imediatamente anterior.
Regiões
Segundo a CBIC, a maior queda no número de unidades lançadas foi observada na
Região Nordeste (2.361 unidades), com 56,3% menos que no primeiro trimestre de
2019, seguida pelo Sul, com diferença de 29,1% (3.621 unidades). A Região
Sudeste teve pequena variação negativa, de 2,4% (8.745 unidades).
As exceções foram a Região Norte, que no primeiro trimestre de 2020 lançou 754
unidades, ou 183,5% mais que no mesmo período de 2019. Na Região Centro-Oeste,
foram 2.907 lançamentos – alta de 57,4% no comparativo com janeiro, fevereiro e
março do ano passado.
O valor geral dos lançamentos (VGL) do primeiro trimestre de 2020 foi de R$ 6,3
bilhões e caiu 9,65% em relação ao primeiro trimestre de 2019 e 76% em relação
ao quarto trimestre de 2020. O índice representa a soma do valor potencial das
vendas de todas as unidades que compõem os empreendimentos lançados.
Vendas
No Sudeste, foram vendidas 18.443 unidades no primeiro trimestre, ou 39% mais
imóveis verticais que no mesmo período de 2019. No Norte, foram vendidas 868
unidades (27,8%), e no Nordeste, 7.311 (21,3%). No Sul, foram vendidos 5.454
apartamentos (12%) e no Centro Oeste, 2.335 (0,7%).
O valor geral de venda (VGV) do primeiro trimestre de 2020 foi de R$ 12,66
bilhões, crescimento de 15,14% em relação ao primeiro trimestre de 2019 e queda
de 32,1% em relação ao quarto trimestre de 2019. O VGV é a soma de valor
potencial de venda de todas as unidades que compõem os empreendimentos
imobiliários.
Minha Casa Minha Vida
A representatividade do programa habitacional Minha Casa Minha Vida sobre o
total de lançamentos, no período foi de 57%. Sobre o total de vendas, essa
participação ficou em 55,6%.
Covid-19
Além do levantamento, a CBIC também apresentou uma avaliação preliminar dos
efeitos da crise, mostrando que 79% das construtoras pretendem adiar
lançamentos previstos para os próximos meses. Os dois estudos foram realizados
em parceria com a empresa Brain Inteligência Estratégica.
Para estimar o impacto da pandemia, foram consideradas amostras representativas
de cidades das cinco regiões do Brasil: Maceió, Curitiba, Manaus, Goiânia e São
Paulo. Empresários do setor foram ouvidos entre 25 de abril e 4 de maio, em
conjunto com a CBIC e mais de 50 entidades setoriais de todo o país.
O levantamento também mostrou que 56% das empresas fecharam vendas durante a
pandemia, com a venda de 3.870 unidades.
Uma pesquisa com 600 consumidores avaliou a intenção de compra de imóveis.
Segundo o levantamento, 55% mantiveram a intenção de compra em março. Em abril,
o percentual caiu para 47%.
Os motivos para a desistências foram: incerteza sobre a duranção da pandemia
(46%); incerteza sobre emprego ou renda (24%); perda de renda (20%); mudanças
de objetivos pessoais (12%); objetivos de economia pessoal (9%); perda de
emprego (8%).
Vendas online
De acordo com a CBIC, houve um crescimento nas vendas online durante
o mês de abril, o que pode antecipar uma oportunidade de reposicionamento para
o mercado pós-coronavírus. Das 540 empresas pesquisadas em abril, 56% fecharam
vendas durante a pandemia, sendo que 55% das negociações tiveram início após 20
de março. Além disso, 40% das empresas participantes do levantamento não
sentiram ou sentiram queda sutil na busca por imóveis online.