Mais pessoas estão trabalhando em área diferente da sua formação
O estudo “Apagão de Mão de Obra Qualificada?” coordenado pelo economista Naércio Menezes Filho, professor do Insper, mostrou enorme ruptura entre profissionais com diploma universitário. Ele identificou que a coincidência entre área de formação no ensino superior e atuação profissional era inferior a 50% em 34 de 41 profissões pesquisadas tendo como base o ano 2010.
Desta forma, tornou-se cada vez mais comuns encontrar pessoas jovens, recém-formadas, trabalhando em área bem distinta da sua formação ou até mesmo empreendendo em outros tipos de negócios.
Um dos exemplos é Gabriel Ramos cursa Engenharia Elétrica na Universidade de São Paulo (USP), porém começou a dar aulas de inglês em 2013, para fazer um dinheiro extra. O que era feito por necessidade, aos poucos foi se tornando sua atividade profissional preferida. “Depois de dois anos descobri que não gostava de trabalhar para outros e passei a focar só em aulas particulares, me dedicando cada vez menos à faculdade”.
Ramos diz que hoje escolheria outro curso na faculdade, inclusive, teria esperado um pouco mais para prestar vestibular. “Teria ido trabalhar, pegar experiência com vendas e faria cursos rápidos e intensivos online ou de fim de semana para aperfeiçoar técnicas práticas de venda e marketing”.
Além das aulas de inglês particulares, ele também promove cursos on-line e está abrindo uma escola de inglês, e não projeta exercer a profissão de engenheiro. “Pretendo continuar ensinando e expandindo o número de escolas na região, sem nunca parar de aprender “.
Falta de maturidade para escolher a carreira contribui para mudanças, diz especialista
De acordo com a especialista em recursos humanos e gestão de pessoas, Najara Rosa, muitas pessoas escolhem a profissão muito cedo, sem a maturidade suficiente para se autoconhecer e saber o que faz sentido para elas, além de não entenderem qual o mercado de trabalho de cada curso. “Os jovens precisam buscar as ementas dos cursos, ver onde os egressos trabalham e não se levar apenas pelo ideal de profissão”.
Najara disse ser comum ver em cargos de liderança algumas pessoas sem formação específica. “Às vezes, a pessoa entrou no ramo e não tem a formação, mas desempenhou bem o papel. Mas se o cargo for muito técnico, é difícil contratar alguém sem formação”.
No entanto, ela acredita que as empresas tem cada vez mais buscado profissionais especializados na área e com experiência no setor da empresa, a exceção seriam as startups. “Nessas empresas, vejo pessoas contratadas pela vivência na área, mesmo sem ter a formação específica, mas com as competências para exercer a função”.