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Montadoras se reorganizam após acordo Brasil-México

19/03/2012 19h26 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Montadoras se reorganizam após acordo Brasil-México

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A revisão dos termos do acordo de comércio automotivo entre Brasil e México deve causar mudanças na organização produtiva de montadoras de veículos em ambos países, diante da restrição no volume de exportações ao Brasil e do incremento da regionalização de peças no México, disseram analistas.

 

O México aceitou na quinta-feira reduzir suas exportações de veículos ao Brasil para uma média de 1,55 bilhão de dólares nos próximos três anos ante os 2,4 bilhões de dólares de 2011. Depois desse prazo, os termos voltam ao livre comércio. Os mexicanos também aceitaram aumentar a proporção de peças da América Latina em seus carros de 30 por cento atualmente para 40 por cento em um prazo de cinco anos.

A revisão ocorreu depois que o Brasil ameaçou cancelar o acordo após sofrer déficit de 1,17 bilhão de dólares no comércio exterior com o México em 2011, em meio a um salto de 70 por cento das exportações mexicanas de carros. Atualmente, o intercâmbio comercial entre os dois países movimenta cerca de 8,5 bilhões de dólares, dos quais 40 por cento são correspondentes ao setor automotivo.

A mudança também ocorreu depois que o Brasil elevou, no final de 2011, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de veículos importados fora do México e Mercosul em 30 pontos percentuais.

Para analistas, a revisão do acordo em vigor desde 2002 pode incentivar investimentos em categorias de veículos no Brasil como sedãs e utilitários esportivos, que atravessam aumento na demanda interna, atendida em grande parte por importações.

Além disso, os novos termos podem fazer o México, que tem vendas internas de cerca de 900 mil veículos por ano, transferir parte das vendas antes direcionadas ao parceiro para outros mercados da região, como Colômbia e Chile e mesmo os Estados Unidos, cujo mercado passa por recuperação após o colapso de 2009.

“Cada empresa vai ter que se adequar para volumes menores entre Brasil e México”, disse Marcelo Cioffi, analista do setor automotivo da consultoria PricewaterhouseCoopers. “O acordo vai demandar que as montadoras se reposicionem nesse curto prazo porque a estratégia até agora era de trazer modelos mais sofisticados do México para o Brasil”.

Segundo ele, o aumento da exigência de conteúdo local do México pode ser um complicador na estratégia global das montadoras para a região, na medida em que as empresas terão que desenvolver mais fornecedores regionais para o país.

No lado brasileiro, o acordo com México “tende a incentivar as montadoras a aumentar investimentos em produtos de maior valor agregado”, acrescentou Cioffi, um objetivo perseguido pelo Brasil .

Atualmente, os investimentos de montadoras previstos para o Brasil são de cerca de 20 bilhões de dólares até 2014, com vários projetos de novas fábricas sendo voltados a veículos compactos, como no caso da japonesa Toyota e da sul-coreana Hyundai.

Analistas consultados, porém, avaliaram o momento como ainda precoce para se especificar o tamanho do impacto do acordo em termos de volume de produção em ambos países, uma vez que não está clara a maneira como a cota limitada de exportações será distribuída entre cada marca.

Procurada, a associação de montadoras instaladas no Brasil, Anfavea, afirmou na sexta-feira que as próprias fabricantes de veículos definirão de que maneira se dará a distribuição da cota entre as companhias. Esta definição está prevista para “breve”, segundo a assessoria de imprensa da entidade.

Por enquanto, uma das empresas consideradas por analistas como mais atingidas pela revisão dos termos é a japonesa Nissan, que importa do México para o Brasil cinco modelos: Sentra, Tiida hatch e Tiida sedã e os compactos Versa e March.

No Brasil, a Nissan informou apenas que vai “continuar o nosso diálogo com ambos os países para melhor compreender o total impacto deste último acordo em relação ao nosso negócio”.

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