Setor têxtil tenta se reinventar para enfrentar a pandemia
Indústria altera a linha de produção e passa a fabricar itens de saúde
O setor têxtil também está sentindo os efeitos da crise do
novo coronavírus. E para enfrentar o momento, há indústrias que decidiram
alterar a linha de produção e fabricar itens necessários para o setor saúde e que
se encontram em falta diante da crise mundial, entre os quais máscaras e
aventais.
A consultora do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção, do Senai
Cetiqt, Michelle de Souza, acredita que a indústria têxtil pode se reinventar
neste período, investindo em automação e tecnologias 4.0 para a confecção de
produtos que reduzirão a parada do parque produtivo, além de reduzir os riscos
de contaminações.
Para enfrentar este momento, o Senai Cetiqt fez uma pesquisa, entre os dias 24
e 30 de março passado, com 62 representantes da cadeia produtiva do setor de
moda, têxtil e de confecção. A maior participação foi do setor de confecção do
vestuário. Por regiões brasileiras, destaque para o Sudeste, Sul e Nordeste.
Michelle disse que a ideia da pesquisa foi saber como o mercado nacional estava
lidando com a pandemia de coronavírus e que ações as empresas estão adotando. A
sondagem mostra que mais de 70% das empresas consultadas pararam a produção;
41% acreditam que devem voltar a abrir as portas em 15 dias. Do total, 66% não
trabalham com o mercado externo.
De acordo com a sondagem, a maioria das empresas (51,6%) sofreu os efeitos da
pandemia no fechamento da produção. Para outras (24,2%), o maior impacto foi
observado no fornecimento de produtos a clientes, enquanto 6,5% foram afetadas
no abastecimento de materiais e insumos. Do total de entrevistados, 49,2%
tiveram seus pedidos reduzidos; para 47,5%, as datas de entrega foram
postergadas.
“Muitas empresas deram férias coletivas e algumas entraram no sistema de ‘home
office’ (trabalho em casa) para os que exercem funções administrativas. Poucas
adotaram o sistema de rodízio. Estão trabalhando com a capacidade reduzida e
com menos pessoas na produção, para evitar contaminação”, disse à Agência
Brasil, Michelle de Souza. Segundo ela, somente duas empresas adotaram medidas
internas de prevenção contra o novo coronavírus e mantiveram a produção em
funcionamento.
Surpresa
Cerca de 70% das empresas disseram que não estavam preparadas financeiramente
para situações como a pandemia de coronavírus, e pensam em adiar ou negociar o
pagamento a fornecedores, além de solicitar empréstimos, caso o cenário não
voltem ao normal no prazo de um mês.
De acordo com a consultora do Instituto Senai de Tecnologia Têxtil e de Confecção,
20% das empresas do setor não souberam informar como será seu modelo produtivo
depois da pandemia. As restantes apostam na valorização dos produtos nacionais
e na compra em mercados locais, além da automação da produção e implementação
de tecnologias 4.0 para conseguir trabalhar remotamente. “A ideia é ter
tecnologia suficiente no parque produtivo, para que a direção não precise estar
lá ‘full time’ (o tempo todo) ”. O setor como um todo aponta que haverá mudança
no comportamento do consumo, com aumento das compras ‘online’ (pela internet),
e também na parte produtiva, com alterações no regime de trabalho e negócio.
O Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Senai Cetiqt) é integrado
pela Faculdade Senai Cetiqt, Instituto Senai de Inovação e Instituto Senai de
Tecnologia. Criado em 1949, ele constitui hoje um dos maiores centros
de geração de conhecimento da cadeia produtiva têxtil, de confecção e da
indústria química, mercado que no Brasil possui mais de 25 mil empresas e
emprega cerca de 1,5 milhão de pessoas.