Startup demite 10% dos funcionários em São Carlos
Apesar disso, as outras empresas de tecnologia da informação do município estão em plena expansão dos negócios
A pandemia do novo coronavírus afetou todos os setores da economia, uns mais outros menos, mas como será que estão as empresas que atuam no setor da tecnologia da informação e comunicação (TIC) de São Carlos? Para responder essa pergunta questionamos 4 empresas importantes da cidade: Arquivei, Monitora, Raccoon e Serasa Experian. A nossa reportagem questionou se as empresas demitiram ou não funcionários, se por acaso implementaram alguma ação, se colocaram os funcionários em home office, entre outras perguntas.
A empresa Arquivei, desde sexta-feira (8) até o fechamento desta edição não respondeu nenhuma das perguntas e nem confirmou uma informação obtida pelo Jornal Primeira Página, junto a três fontes, de que teria demitido 16 funcionários (cerca de 10% do seu quadro de pessoal) na última semana.
Já a Monitora Soluções Tecnológicas informou que não realizou nenhum corte de colaboradores, pelo contrário, a empresa ampliou sua atuação para São Paulo, base em atividade desde março e que gerou a contratação de 13 funcionários. No acumulado do ano, a Monitora já criou 50 vagas, todas preenchidas. Entre São Carlos e São Paulo são 170 funcionários em regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sendo que, atualmente, todos estão em home office, obedecendo todas as orientações dos órgãos competentes de saúde.
Outra empresa que manteve os colaboradores foi a Raccoon. O gerente do departamento de Recursos Humanos, Carol Morimoto, afirmou que os mais de 500 colaboradores da empresa também estão em home office e até o momento não demitiu nenhum funcionário.
De acordo com o gerente Morimoto, a Raccoon está ajudando os pequenos empreendedores, por meio do projeto ‘A Gente por Eles’, onde cede mais de 2 mil horas de consultoria gratuita para ajudar esses empresários a venderem pela internet durante a pandemia. Quem tiver interesse em solicitar a consultoria gratuita da Raccoon deve acessar o site através deste link: https://raccoon.ag/projeto-ajuda/.
A assessoria de imprensa da Serasa Experian informou que os especialistas da empresa estão auxiliando com dicas e orientações os empreendedores para que possam cuidar da saúde financeira dos negócios durante este período econômico desafiador, por causa da pandemia. Mas, com relação as outras perguntas, principalmente sobre as ações com os colaboradores, não obtivemos respostas.
O setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC), é um dos setores importantes do município de São Carlos, a Capital Nacional da Tecnologia, composto por várias empresas e startups. O setor compreende as atividades de serviços que incluem empresas voltadas para o desenvolvimento e a comercialização de programas e aplicativos de computadores, tablets e smartphones, além de consultoria, suporte técnico e manutenção de dispositivos.
Profissionais de tecnologia trocam startup por empresa tradicional em meio à crise
Em um país que mesmo antes da pandemia de coronavírus tinha desemprego próximo de 12%, a falta de mão de obra em tecnologia permitia que esses profissionais pudessem escolher onde trabalhar. Essa vantagem competitiva não deve desaparecer no longo prazo – na semana passada, a consultoria McKinsey divulgou estudo prevendo que o Brasil terá escassez de 1 milhão de trabalhadores no setor até 2030. Mas, no curto prazo, com milhares de demissões em startups por causa da pandemia de coronavírus, até esse grupo passou a valorizar o fator segurança, e muitos estão trocando startups por companhias tradicionais.
O presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), Amure Pinho, admite a ofensiva de grandes negócios por trabalhadores formados nas 13,5 mil empresas nascentes do País. “Muitas startups tiveram de demitir e isso colocou muita gente competente à disposição das companhias que buscam acelerar seus projetos digitais”, afirma. Entre as empresas que estão aproveitando os dias de isolamento social para tentar “virar a chave” para o digital estão Grupo Boticário, Guararapes (controladora da Riachuelo) e Via Varejo (dona da Casas Bahia).
O trabalho de quem “caça” esse tipo de profissional foi facilitado pelas circunstâncias, segundo Luana Castro, responsável pela área de TI na consultoria de recursos humanos Michael Page. Segundo estudo da consultoria, a demanda por profissionais se estende por todos os níveis hierárquicos – de analistas que recebem a partir de R$ 4 mil a executivos de ciência de dados que podem ganhar quase R$ 30 mil. E ela diz que a busca de empresas tradicionais por esses profissionais está compensando o fechamento de vagas em startups. “Essas pessoas não têm problemas em se recolocar. Isso não mudou”, ressalta a executiva.
