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A sombra dos ‘anões’

23/11/2016 08h06 - Atualizado há 7 anos Publicado por: Redação
A sombra dos ‘anões’

Neste país, todas as áreas sofreram, nas últimas décadas, um rebaixamento  tal que pode ser testemunhado e comprovado nos dados de Segurança Pública, Saúde Pública, Trânsito, Economia, Infra-estrutura, Corrupção, enfim, na cultura nacional, entendida de maneira ampla. “Quando o sol da cultura está baixo, também os anões lançam longas sombras”, afirmou o escritor austríaco Karl Krauss. E o poeta espanhol Antonio Machado o complementa: “Como é difícil quando tudo baixa não baixar também”. 

E o caso Geddel Vieira Lima, ministro da Secretaria do Governo de Temer, ilustra um pouco a dimensão e a profundidade do problema que é a classe política nacional; classe que, como tudo neste país, deixou-se baixar e rebaixar, permitindo que “anões” intelectuais e morais lançassem suas sombras assumindo posições para as quais não estavam preparados nem moral nem intelectualmente. 

Analisar o perfil de Geddel é passear pela história recente – e pouco honrosa – da política nacional. “Uma das figuras proeminentes da política baiana, o hoje ministro Geddel Vieira Lima tem, em sua trajetória, casos polêmicos. Em 1993, então deputado federal, ele foi citado no escândalo dos Anões do Orçamento, episódio em que parlamentares foram acusados de manipular emendas para beneficiar empreiteiras, mas acabou inocentado na CPI que investigou o caso”, diz a Agência Estado. 

Afirma ainda que, na época, o ex-deputado João Alves foi apontado como articulador do esquema que envolveu 37 parlamentares e uma movimentação de R$ 100 milhões. “Geddel e seu irmão, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), cresceram no mundo político inspirados pelo pai. Sua família era aliada de Antonio Carlos Magalhães e Geddel era próximo de Luís Eduardo Magalhães, filho de ACM, que morreu em 1998, quando despontava como possível presidenciável”, diz o texto. 

Depois de romper com o “carlismo”, Geddel foi ministro da Integração Nacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no período de 2007 a 2010. Enquanto chefiou a pasta, foi acusado de destinar a maior parte dos recursos para seu Estado.Geddel deixou a Esplanada dos Ministérios para concorrer ao governo da Bahia, mas perdeu a eleição de 2010 para o petista Jaques Wagner.

Ele então voltou para o governo federal como vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica, de onde saiu em 2013, após divulgar uma mensagem em uma rede social pedindo que a então presidente Dilma Rousseff publicasse sua exoneração do cargo.

Nesta semana, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República abriu processo para investigar se Geddel Vieira Lima por ter pressionado o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para liberar a construção de um empreendimento em Salvador nos arredores de uma área tombada. Geddel disse ter comprado um apartamento no prédio e essa pressão seria tráfico de influência.

Não: o processo de corrupção não é nem restrito ao PT, nem restrito ao Brasil; é coisa da alma humana. No entanto, existe um mínimo de decência, de retidão, de honestidade, de responsabilidade e de autoconsciência sem as quais a vida em uma sociedade torna-se insustentável. Em muitos aspectos, no Brasil, este mínimo já não existe mais.    

 

 

 

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