Papel ridículo
Entre segunda e terça, Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, se surpreendeu e contradisse o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. E tudo por conta de um Plano de Demissão Voluntária dos servidores federais, proposto pelo Planejamento, e que, ao que tudo indica, não havia sido informado à Fazenda.
Diante disso, Meirelles afirmou: “A notícia de ontem [segunda] foi, digamos, uma notícia preliminar sobre isso dada pelo Ministério do Planejamento. Não é um projeto final, calculado, organizado, formatado e levado para o presidente da República. São estudos feitos pelo Ministério do Planejamento”.
Além das cabeçadas dadas entre os responsáveis pelas principais pastas da economia do País, ontem, a Justiça Federal de Brasília, por meio de uma Ação Popular, declarou que o aumento do preço dos combustíveis, do modo que foi feito, é uma medida inconstitucional; aumento esse que é uma das medidas (antes descartada pelo governo) para aumentar a arrecadação.
Mas tem mais: ontem, pesquisa aponta que o governo Michel Temer tem nada mais nada menos do que 94% de desaprovação. E, diante dessas circunstâncias, Temer está fazendo um papel ridículo ao ficar posando publicamente com ar de que tudo – seja na política, seja na economia – vai muito bem, obrigado, e dizendo, entre outras coisas, que “depois de uma longa recessão, nós começamos a respirar uma nova economia”, forçando uma “agenda positiva” por entre escombros orçamentários e devastações políticas.
Temer está parecendo o personagem do Cavaleiro Negro do filme ‘Em busca do cálice sagrado’, do grupo humorístico inglês Monthy Python. Em uma batalha com o Rei Arthur, o Cavaleiro Negro é ferido inúmeras vezes, vindo a perder os dois braços e as duas pernas e, adotando uma atitude que torna a cena ridícula, ele posa de superior, arrota bravatas, brada arrogâncias; para quem quer que veja a cena, é uma superioridade fingida, histérica, que não condiz em nada com a debilidade, a fraqueza, a evidente desvantagem do personagem frente às circunstâncias. Enfim, a sua indiscutível e retumbante derrota.