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Arquitetos

01/03/2021 19h18 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
Arquitetos

De onde é que surgem as ideias, ein? Estava com um outro texto quase pronto. De repente, boom, uma analogia.

Hoje vou falar de identidade e arquitetura. Você vem comigo?

Você já viajou ou sonha em viajar pra Europa, conhecer aqueles castelos medievais, igrejas e museus? Se não gosta de nada disso, tem pelo menos alguma imagem que te venha à cabeça nesse instante?

Pesquise aí: Sagrada Família, Gaudí.

Pronto, tomemos esta obra como um exemplo em comum.

Eu não a conheço, mas se estive parado diante dela neste momento acho que só pensaria uma coisa: “ual! O que é isso?”

Alguém talvez me dissesse, “não é óbvio? É uma igreja!”

E com uma cara de sarcasmo eu responderia, “isso eu notei, amigo. Mas por que ela é assim? Quem foi que fez? Lá onde eu moro não tem nenhuma igreja assim, não!”

Pois veja, se você pensou assim também ao vê-la, me diga uma coisa: por que tem de haver um porquê, um motivo pra esta construção?

Se você tomar a história da catedral, vai ver que Gaudí foi contratado para o serviço. Pronto. Taí o porquê, uai. Só que não, né? Como um artista, entendemos que ele quis dizer algo. Que deixou ali a sua marca. Tinha uma intenção na edificação deste projeto.

Tá, e onde a identidade entra nisso, Elói?

Bora lá, chegou a hora da virada radical… rs

Pense que se eu te perguntasse agora “quem é você?”, você me contaria uma história. Não sei se seria uma comédia ou uma tragédia. Se seria rica ou pobre em detalhes, mas quem sou eu pra julgar, afinal de contas é a sua obra. Você é o artista, você é o arquiteto.

O que quero dizer é que, assim como a obra de Gaudí, a sua construção também tem muito a dizer com sua arquitetura, mesmo se for de pau-a-pique.

A despeito da complexidade ou do requinte com que foi edificada, importa a nós, hoje, percebermos que ela tem um porquê de ser como é.

Sua narrativa não é assim e pronto. Você é o que é como resultado de uma edificação, de sucessivos empreendimentos, melhorias, reformas, restaurações.

E, por vezes, parece tudo tão ‘dentro do esquadro’, tudo tão ajustadinho, alinhadinho e, de repente, boom, vem tudo abaixo. E diante disso que nos desestabiliza, ou nos des-constrói, que conseguimos juntar os cacos e perguntar: quem era esse?

Por que eu achava necessário ser desse ou daquele jeito? Por que fazia isso ou aquilo?

Assim como quando nos deparamos com uma dessas obras artísticas, nos vemos diante desse antigo EU e perguntamos: o que ele queria dizer com isso? Por que desses traços? Por que dessas cores?

E é bem isso que quero trazer para refletirmos: que queremos dizer com nossos traços? Já parou pra pensar isso?

Que tudo aquilo que você diz que é pode não passar de uma mensagem que você julga necessária transmitir aos outros?

Que no fundo, você pode estar de saco cheio de se ver imobilizado nesses dizeres, como um prédio mesmo?

Mãe forte, filho fiel, pai rigoroso, homem de fé, o provedor, a princesinha…

A lista seria enorme…

Se pudesse se olhar no espelho como quem olha a catedral de Gaudí, saberia reponder “por que você é assim? O que quer dizer com isso?”

 

Elói B. Doltrário

CRP 06/158865

www.eloidoltrario.com.br

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