‘Eu preciso causar mais impacto na consciência das pessoas’, diz Lewis Hamilton
Para
o piloto Lewis Hamilton, não basta ter sido hexacampeão mundial de
Fórmula 1 recentemente, dominar a categoria há anos e ser o
favorito para vencer o GP do Brasil, neste domingo. O inglês de 34
anos quer mais. Em entrevista ao Estado, ele comentou o quanto quer
também ter um impacto para os fãs como voz da consciência
ambiental.
Já em São Paulo para a corrida de Interlagos,
Hamilton participou de evento promovido por um dos seus
patrocinadores, a Petronas, e mostrou estar preocupado com problemas
como aquecimento global e queimadas. O piloto da Mercedes diz fazer
questão de sempre mostrar nas suas redes sociais temas ligados ao
meio ambiente por considerar o assunto como um dos principais legados
que pretende deixar aos fãs após se aposentar.
Depois
de já ter garantido o título, como você mantém a motivação para
essas corridas finais?
É
estranho porque nada realmente mudou, apesar de que tudo mudou É
incrível já ter vencido o campeonato mundial, mas encaro a corrida
de jeito parecido. Mas eu diria que agora eu tenho duas “corridas
bônus” (Brasil e Abu Dabi). Como eu posso ser melhor? Onde
estão as fraquezas? Tem algo nessas duas corridas em que posso mudar
um pouco da minha preparação para ter resultados melhores no fim de
semana e para usar no próximo ano? Eu ainda quero vencer. É esse o
meu objetivo.
Qual
foi a maior dificuldade da temporada?
É
sempre parecido a cada ano, mas eu diria que a temporada cada vez
fica mais longa e a competição fica mais difícil a cada ano. Você
enfrenta diferentes tarefas e desafios com a equipe. Neste ano nós
perdemos o Niki (Lauda), que foi um grande golpe emocional para nós.
Perdemos um pilar na nossa organização. E também questões
pessoais que não vou falar sobre, são coisas que enfrento
continuamente. Mas eu supero esses cenários para nas corridas
entregar resultados, sem parar. Eu acho que administrei isso muito
bem.
Quais
são suas primeiras lembranças de Interlagos?
Minhas
primeiras memórias são de assistir Senna por aqui e de jogar no
computador. Sempre começava a correr a temporada aqui. Eu jogava
sempre com o Ayrton Senna. Era possível você escolher toda a
distância da corrida e eu nunca terminava a prova, porque sempre
batia.
Nas
redes sociais você sempre mostra sua vida particular e até
preocupação com seu peso. Você não se sente muito exposto?
Eu
nunca pensei que teria tantos seguidores quanto tenho. Fico feliz. A
força da rede social é grande. Em uma corrida, você está com o
capacete e precisa ser sempre de um mesmo jeito. Mas na rede social
eu posso ser eu mesmo e aprender um jeito de fazer isso. Tenho de
encontrar o equilíbrio ideal porque, se você se mostra demais, fica
vulnerável. A mídia e as pessoas podem tirar vantagem disso. Tenho
de encontrar um equilíbrio e acho que atualmente eu tenho acertado
porque há impacto suficiente.
Quando
é o seu maior medo na pista?
Não
tenho um medo. Se há algo que realmente eu temo na vida é não
viver em todo o meu potencial. Eu sei que não temos limite para
nosso potencial. No momento eu quero ser o melhor possível
Também
nas suas postagens você costuma abordar preocupações ambientais.
Você se considera uma peça importante para esse tema?
Qualquer
um que tenha perfil é um importante veículo. Porque hoje vários
meios de comunicação nem sempre estão contando histórias que
deveriam ser contadas. Eu me lembro de ter ouvido sobre os incêndios
florestais (na Amazônia) e houve muitas opiniões sobre o assunto
que não estavam no noticiário, mas espalhadas nas redes sociais. E
eu não entendia o motivo. Eu vejo muitos documentários sobre o
impacto no nosso planeta, as geleiras que estão derretendo,
encolhendo, o aquecimento global e nossos recursos naturais. Não sei
mais quanto tempo vai levar até que tudo fique realmente ruim. Mas
eu só uma pessoa só, uma pequena pedra. Eu preciso ter o máximo de
impacto possível.
Qual
legado você pretende deixar para os seus fãs?
Eu
não sei disso ainda. É uma pergunta difícil para responder. A
Fórmula 1 me deu um propósito de vida e me deu a possibilidade de
fazer algo espetacular, mas eu acho que é um trampolim para se fazer
outras coisas importantes. Eu quero ter um impacto positivo
globalmente na sociedade. Há várias áreas para se trabalhar, como
sustentabilidade e marcas de moda.
Você
tem algum plano de visitar o Brasil?
Neymar
me convida o tempo inteiro. Eu iria vir no último ano-novo com
Neymar e Gabriel (Medina), mas não deu certo. Eu quero realmente
voltar (para lazer). Minha agenda fica lotada e fica difícil fazer
as viagens que eu quero.
Qual
local do Brasil você quer visitar?
Eu
realmente pretendo passar mais tempo no Rio. Gabriel Medina me contou
sobre os principais pontos de surfe por aqui. Felipe (Massa) sempre
me falou para ir para Florianópolis e ver o litoral. Tem um lugar
que é realmente incrível, com areia branca e água em volta. Eu não
consigo lembrar o nome, mas é um local com grandes dunas e rios. Eu
realmente quero visitar.