Futebol: governo paulista autoriza volta aos treinos em 1º de julho
Retorno do campeonato, porém, deve ocorrer só a partir de agosto
O governador de São Paulo, João Doria, anunciou nesta
quarta-feira (17) que os clubes de futebol da primeira divisão – Série A1 do
Campeonato Paulista – estão liberados para voltar a treinar a partir do dia 1º
de julho, seguindo normas de segurança que evitem a propagação do novo
coronavírus (covid-19). Segundo o coordenador
do Centro de Contingência do Estado, Carlos Carvalho, o protocolo da Federação
Paulista de Futebol (FPF), elaborado em conjunto com as agremiações, foi
aprovado com ajustes e será repassado à entidade e às equipes. O torneio
paulista foi paralisado há três meses devido à pandemia do novo coronavírus
(covid-19).
“Diante das propostas [de retomada de atividades] que chegaram, a mais bem
formatada nos critérios de saúde foi a do futebol”, afirmou Carvalho,
durante entrevista coletiva. “Com esses ajustes, o protocolo será levado à
FPF, que o passará aos clubes, e eles terão esse período de mais ou menos duas
semanas para realizar ajustes de segurança e testes em todos os envolvidos para
sabermos a condição dessas pessoas para a volta aos treinos”, completou.
Os protocolos se referem apenas ao retorno aos treinos. A retomada das partidas
será avaliada
em fases posteriores em contato com a FPF e a Confederação Brasileira de
Futebol (CBF)”, reforçou Doria, também em entrevista coletiva.
“Sabemos que vamos contar com a colaboração da Federação e dos dirigentes.
Tenho convicção que nenhum dirigente deseja risco a seus atletas e
profissionais”, destacou.
A FPF, por sua vez, reagiu com “estranheza” ao anúncio. Em nota
oficial publicada após a coletiva do governo estadual, a entidade diz que
considera a data de retorno “distante” e entende não existir
“explicação plausível e científica” para a medida. “Assim, os
profissionais do futebol, que dependem de seu condicionamento físico para exercer
suas atividades, seguem impedidos de trabalhar”, diz a nota da Federação.
Ainda conforme a nota, foi convocada uma videoconferência sobre o tema com os
16 clubes da Série A1 para a próxima quinta-feira (18), às 15h.
O documento elaborado em conjunto pela FPF e clubes estabelece medidas como
higienização e desinfecção dos locais de treinamento; realização de testes – a
cada mundança de fases – em todos os envolvidos; e uso obrigatório de máscara
(exceto aos atletas em atividade física). O protocolo determina ainda a
retomada dos treinos com trabalhos individuais e ao ar livre, que os
profissionais tenham equipamentos de hidratação individuais e adotem uma rotina
“casa-treino-casa”, mantendo isolamento social.
“Com relação à frequência da testagem, a nossa recomendação foi: uma [testagem]
no tempo zero de todo mundo, com a qual será feito o PCR, que é a pesquisa que
verifica se existe o vírus no indivíduo; e a testagem da sorologia, para saber
quem teve contato [com o vírus] ou já tem proteção. Os indivíduos serão
observados de maneira diferente. O sem proteção será testado de cinco a sete
dias, dependendo da condição de saúde. Detectado o indivíduo com o PCR
positivo, ele é isolado, assim como os contactantes, e será feito um novo teste
em três dias”, explicou Carvalho.
O estado de São Paulo está desde 24 de março em quarentena. Na última
quarta-feira (10), o período foi prolongado até o próximo dia 28 de junho. No
início do mês, o governo paulista colocou em prática um protocolo gradual e
regionalizado para reabertura de atividades em cinco fases, caracterizadas por
cores, chamado “Plano São Paulo”. Quanto mais avançada a etapa, maior
a flexibilização. A maior parte das cidades se encontra na segunda fase, que
permite a reabertura de concessionárias, escritórios, comércio e shoppings, com
restrições.
O “Plano São Paulo” é revisto a cada duas semanas. A próxima
atualização será em 26 de junho. Segundo Carvalho, o sistema de fases deverá
ser respeitado, mesmo após a liberação dos treinos. “Se o clube estiver na
zona vermelha (equivalente à primeira fase, que autoriza só atividades
essenciais), ele não poderá praticar o treinamento naquele município, somente
em cidades que estejam em outra fase”, resumiu.
A proposta para viabilizar a volta aos treinamentos foi enviada ao governo
paulista após videoconferência entre Federação e clubes no último dia 5. Na
semana seguinte, o documento também foi apresentado ao prefeito de São Paulo,
Bruno Covas, pelos presidentes dos times da capital (Corinthians, São Paulo e
Palmeiras). Segundo a FPF, o procedimento seria adotado pelas outras 13 equipes
da Série A1 nas respectivas cidades. Os dirigentes afirmaram, na ocasião, que o
protocolo era mais rigoroso que o previsto pelo Estado para liberação de
atividades durante a flexibilização da quarentena.
As equipes estão afastadas dos gramados há três meses, desde a suspensão do
Campeonato Paulista. A última partida foi disputada em 16 de março, quando o
Guarani venceu a Ponte Preta por 3 a 2 em Campinas (SP), com portões fechados –
como ocorrerá quando a competição for retomada. O torneio foi paralisado na 10ª
rodada, faltando duas para o término da primeira fase. A FPF defende que a
competição seja finalizada “em campo”.
Segundo Carvalho, do Centro de Contingência, a previsão é que somente a partir
de agosto seja possível pensar na volta do campeonato. “Os treinos são
fundamentais para o preparo do atleta à volta ao esporte em alto nível. Será
preciso um período de ao menos quatro semanas para esse preparo físico”,
concluiu.
Outras modalidades
Conforme Doria, a retomada dos treinos de outras modalidades esportivas em
São Paulo – amadoras e profissionais – está sob análise do Centro de
Contingência, que se pronunciará no próximo no próximo dia 26. Algumas competições foram canceladas, como as
Superligas Feminina e Masculina de vôlei ou o Novo Basquete Brasil (NBB), com
presença maciça de clubes paulistas, mas o estado também concentra boa parte
dos principais atletas de alto rendimento do país em esportes olímpicos, como
ginástica artística, judô ou natação.