Síria promete à Liga Árabe dar fim à repressão

Diante da ameaça de isolamento regional, a Síria aceitou ontem um plano da Liga Árabe pelo qual se compromete a suspender imediatamente a repressão contra os opositores, levar adiante reformas e libertar todos os prisioneiros políticos. Tanques e blindados das Forças Armadas também precisarão ser retirados das ruas.
O acordo prevê também a permissão para a entrada da imprensa estrangeira no país. O regime de Bashar Assad havia permitido uma cobertura monitorada e por prazo limitado de publicações de alguns países.
“A Liga Árabe saúda o governo sírio por aceitar o plano árabe”, afirmou comunicado da entidade com base no Cairo. Segundo o texto, a organização “enfatiza a necessidade de implementação imediata e em sua totalidade de todos os artigos da proposta”.
Uma comissão composta pelos membros da Liga Árabe será responsável pelo monitoramento do plano e pelo envio de relatórios para o conselho da entidade sobre o progresso na implementação dos itens acertados.
Em Damasco, o regime de Assad vendeu o acordo como uma vitória.
Citando Yousef Ahmad, representante sírio junto à Liga Árabe, a agência de notícias Sana afirmou que “deve haver um fim do derramamento de sangue e apoio a um diálogo nacional”. Mas insistiu que os opositores precisam depor as armas, as nações estrangeiras devem “parar de interferir nos acontecimentos internos” e a mídia internacional tem de “encerrar a incitação à violência”.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou em Nova York que o “assassinato de civis tem de ser interrompido imediatamente na Síria” e acrescentou que “Assad precisa implementar o acordo (com a Liga Árabe) o mais rapidamente possível”.
Os EUA, por meio da porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, disseram que a Síria fez promessas de encerrar a violência no passado, sem efeito. Grupos opositores afirmam que ontem mesmo milícias ligadas ao regime teriam atacado manifestantes (mais informações nesta página). O governo nega.
Manifestações contra Assad ocorreram ontem em Homs, que vive praticamente em guerra civil.
Em Damasco e outras cidades foram organizados atos reunindo milhares de pessoas a favor do governo nos últimos dias.