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“Eles davam risada e me espancavam”, diz índio vítima de brutal agressão

20/02/2019 06h52 - Atualizado há 5 anos Publicado por: Redação
“Eles davam risada e me espancavam”, diz índio vítima de brutal agressão

Em São Carlos na segunda-feira, 18, a secretária nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Sandra Terena, visitou indígena que teve o braço amputado após agressões. Durante o dia, a representante do ministério também foi à delegacia do município entregar denúncia recebida pelo Disque 100 (Disque Direitos Humanos), que diz respeito à tortura e espancamento contra o indígena da etnia Pareci.
“Ele foi brutalmente agredido. Observem as feridas de mordida na mão e no braço esquerdo. Estão bem visíveis as mordidas que ele teve no rosto. Isso foi consequência de um crime de ódio racial que ele sofreu, que resultou, inclusive, na amputação do braço direito”, lamentou Sandra Terena.
Sobre o crime, a vítima lembra que os agressores usaram as questões raciais como argumento. “Eles davam risada e me espancavam, batiam a mão na porta e falavam que eu ia aprender como se trata índio aqui no Brasil”, disse Israel, a vítima da barbárie.
O caso é tratado pela polícia civil como lesão corporal grave e dois suspeitos foram ouvidos na segunda-feira, porém as autoridades não forneceram detalhes dos depoimentos.
Parceria
Membros da Comissão dos Direitos Humanos da Organização dos Advogados do Brasil (OAB) e representantes da sociedade civil acompanharam a secretária na ocasião. De acordo com informações das autoridades locais, o homem agredido tem 39 anos, é ajudante de serralheiro e foi espancado após discussão em um bar.
O índio da etnia pareci, de 39 anos, foi sequestrado e violentamente agredido por três homens, no dia 18 de janeiro, no Jardim Cruzeiro do Sul, em São Carlos. Apesar da vítima ter sido socorrida e levada para uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) municipal, sendo depois transferida para a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos com lesões graves, a polícia só tomou conhecimento do caso quase um mês depois, no dia 12 de fevereiro.
Segundo os integrantes, o índio deixou a terra indígena Uirapuru, na região de Cáceres (MT), há 27 anos, para morar em São Carlos. Na cidade, sua família possui uma pequena oficina.
Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a Polícia Civil foi à Santa Casa ao receber uma denúncia sobre o caso. A vítima alegou que, após o trabalho, foi a um bar com um conhecido e no local aconteceu uma discussão, na qual o homem alegou que havia sumido R$ 100 do seu carro e culpava o indígena pelo sumiço do dinheiro.
O homem deixou o local, mas voltou com outras duas pessoas. Os três passaram a agredir a vítima. Em seguida, os suspeitos sequestraram o indígena e o levaram para uma comunidade, onde continuaram as agressões.
Conforme o registro, posteriormente os agressores o levaram até a oficina com a intenção de obter algo de valor como suposto ressarcimento do dinheiro sumido. Como nada teriam encontrado, agrediram ainda mais o indígena e o abandonaram, ferido, nas imediações de um conjunto habitacional. A vítima pediu socorro e, após passar pela UPA, foi internada no hospital.
Fotos postadas em rede social mostram que ele teve um braço amputado em razão dos ferimentos. Relatos de parentes, que não se identificam temendo represálias, dão conta de que o índio levou marteladas na cabeça e em todo o corpo, além de ter sido mordido no braço e na mão.
Os agressores ainda usaram a porta do carro para esmagar o braço da vítima. Aos parentes, o índio contou que se fingiu de morto e, por isso, foi jogado em um local conhecido como buracão do Zavaglia. O grupo afirmou que o caso será levado ao conhecimento do Ministério Público Estadual.
A Santa Casa disse que as informações sobre o paciente estavam restritas aos familiares. A SSP informou que não poderia divulgar o nome da vítima. “Diligências serão realizadas em busca de elementos que auxiliem na identificação dos autores”, diz a pasta.

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