SP tem números mais baixo de assassinatos desde 2001, e aumento no índice de feminicídios
As
2.906 pessoas assassinadas em São Paulo em 2019 representam a menor
quantidade de vítimas de homicídio registrada no Estado desde 2001,
quando os dados começaram ser coletados de forma uniformizada. A
taxa de 6,5 vítimas por 100 mil habitantes mantém as cidades
paulistas como as menos violentas do País. Os dados divulgados ontem
pela Secretaria da Segurança Pública mostram também queda nos
roubos e latrocínios. Destoam da redução os números de
feminicídio (alta de 34%), de estupro (3,5%) e de letalidade
policial (alta de 1,8%).
A
queda no número de homicídios repete a tendência de redução
notada no Estado desde 2001, quando foram registrados 13.133
assassinatos. De lá para cá, os registros só não caíram em dois
anos (2009 e 2012), períodos marcados por confrontos com o Primeiro
Comando da Capital (PCC). A redução de 2019 em relação a 2018 foi
de 200 vítimas e, no ano passado, os casos continuaram concentrados
na capital (23%) e em cidades da Grande São Paulo (20%), onde também
há concentração de população.
Para
a secretaria, o que explica a queda consecutiva é um trabalho de
inteligência associado à tecnologia. “Colocamos a polícia
onde há maior probabilidade de o crime acontecer, as manchas
criminais – hot spots, como são chamadas. Essa distribuição do
efetivo gera pronta resposta com efeitos sobre a redução da
criminalidade”, diz o coronel Álvaro Camilo, secretário
executivo da Polícia Militar.
A
retirada de armas de fogo de circulação – foram apreendidas 12,8
mil em 2019 – e o combate ao crime organizado são fatores-chave para
entender a redução, diz Camilo. O homicídio frequentemente tem
relação com a disputa pelo mercado ilegal de drogas, explica o
oficial.
Mulheres
Uma
parte das mortes que atende a uma dinâmica distinta são os
feminicídios, que de forma mais recorrente acontece dentro da casa
da vítima e é cometido por pessoas do seu convívio. No Estado,
foram 182 feminicídios no ano passado, alta de 34% em relação aos
136 casos registrados no ano anterior.
A
classificação de homicídio ocorre quando o assassinato é
cometido, por exemplo, em contexto de violência doméstica ou
discriminação à condição de mulher. Essa classificação foi
aplicada em 41% dos 444 casos de mortes de mulheres no ano passado.
A
diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
Samira Bueno, pondera que, em parte, a alta nos feminicídios decorre
da melhor classificação do crime por parte da polícia. Mas ela
ressalta que as mortes de mulheres não têm acompanhado o ritmo de
queda dos homicídios totais, o que pode indicar uma situação de
agravamento da violência contra elas. Nos últimos quatro anos,
conta Samira, os homicídios totais caíram 21% e os homicídios de
mulheres, 6%.
A
preocupação com o aumento da violência contra a mulher se dá pela
observação de outros indicadores, como o estupro, que teve alta, e
das agressões. “A política pública em geral e a política de
segurança está falhando em preservar a vida da mulher e mantê-la
em segurança. Atuar contra isso é hoje o maior desafio de São
Paulo”, diz Samira.
Ela
diz que, para reverter o cenário, é necessária a participação de
diferentes atores, como governo e prefeituras, com ação em frentes
como assistência social, saúde e também na segurança. Para
explicar o dado, Camilo diz que está havendo melhor classificação
dos casos, mas ressalta a preocupação em relação aos dados.
“Estamos melhorando o treinamento e atuando com mais delegacias
especializadas.”