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A depressão econômica de São Carlos

22/09/2019 01h25 - Atualizado há 5 anos Publicado por: Redação
A depressão econômica de São Carlos

Newton Lima e Oswaldo Barba

Em textos anteriores, temos alertado para o que está projetado para a economia de São Carlos com o resultado da política ultraliberal do governo federal: empobrecimento progressivo sem precedentes.

Duas são as razões centrais que amparam esse vaticínio: a crise econômica do país como um todo e a expressiva dependência são-carlense das verbas do Tesouro Nacional.

Em relação à primeira, pesquisadores da Unicamp (Folha S.Paulo, 15/9, páginas A24 e 25) afirmaram que “a pesar do evidente insucesso da política de ajuste fiscal que reduziu o investimento público ao menor nível em 50 anos (…) e dos prejuízos sociais dela decorrente, alguns economistas insistem em manter de pé o teto de gastos, na regra fiscal que congela por 20 anos os gastos públicos na esfera federal, uma regra que não encontra precedentes no mundo desenvolvido e que está ameaçando parar a máquina pública”.

Quanto às consequências para São Carlos, essa política nociva atua em duas direções: interrupção parcial ou integral de programas como o PAC; Minha Casa, Minha Vida; Mais Médicos; Bolsa Família, entre outros, e o espantoso e inusitado corte nos orçamentos para a educação superior, ciência e tecnologia.

No corrente ano já estamos sentindo as dores dessas tesouradas: contingenciamento e bloqueios no orçamento da UFSCar, IFSP e Embrapas, e ameaças de não pagamento de bolsas do CNPq e da CAPES aos estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores da USP e UFSCar, por insuficiência de recursos no MCTIC e MEC.

A tragédia anunciada só não se confirmou por completo porque a comunidade acadêmica se mobilizou e agiu sobre o parlamento, o que resultou em soluções pontuais e atípicas que ajudaram o governo central a suprir parte do dinheiro que faltava.

E o que nos espera em 2020? Para responder essa pergunta, é necessário examinar a peça orçamentária enviada pelo governo ao Congresso, a chamada PLOA/2020 (Projeto de Lei Orçamentária Anual). E os cortes promovidos são estarrecedores:

·         MCTIC (FINEP, CPNq) = 38%

·         CAPES/MEC = 48%

·         Embrapa/Min. Agricultura = 45,5%

·         UFSCar/MEC (nº aproximado) = 30%

·         IFSP/MEC (nº aproximado) = 41%

Como disse em entrevista (Folha,18/09) o reitor da USP, Vahan Agopyan, “o corte de recursos não surtirá efeitos negativos apenas no aspecto acadêmico das instituições, mas terá impactos diretos na sociedade e na qualidade de vida das pessoas”.

Em outras palavras, a bitola da mangueira que injeta sangue oxigenado dos cofres públicos da União diretamente na veia da Capital da Tecnologia será reduzida em pelo menos 40%.

Se considerarmos que, além disso, a indústria se encontrará mais debilitada, a reforma da previdência secará parte dos orçamentos domésticos dos aposentados, não haverá concursos públicos sequer para repor a força de trabalho no funcionalismo federal e estadual, que a massa salarial nas instituições públicas será congelada (pior, poderá ser reduzida, como já se fala), cabe perguntar: o que será da nossa cidade a partir de 2020?

Infelizmente a resposta é mais desemprego, menos arrecadação e mais empobrecimento. Triste. Muito triste.

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