Azuaite afirma que Prefeitura não pode temer investigação
“O poder que vai ser investigado tem que ter segurança que agiu de forma correta", pondera Azuaite
Parlamentar também ressalta que com saída de Edson Fermiano, governo municipal perdeu último interlocutor que poderia negociar fim da crise política atual; reportagem não encontra prefeito Airton para responder
Do alto de sua experiência política, o vereador Azuaite Martins de França (Cidadania), de 75 anos, afirmou ontem, em entrevista exclusiva ao PRIMEIRA PÁGINA, que a gestão do prefeito Airton Garcia (União Brasil) não pode temer investigações sobre atos de seu governo. Para o experiente parlamentar, os instrumentos de fiscalização, inclusive CPI (Comissão parlamentar de Inquérito) e CP (Comissão Processante) não devem assustar uma administração municipal que age de forma correta.
“O poder que vai ser investigado tem que ter segurança que agiu de forma correta e, portanto, não tem medo da investigação, da fiscalização. Afinal, quem não faz nada errado não tem porque ter medo de ser fiscalizado”, explica Azuaite.
“Tenho a constatação da inabilidade por parte do Poder Executivo. Quando não existe diálogo, coisas podem ficar bem difíceis. O Executivo tem tomado medidas que inviabilizam a interlocução entre os poderes. Hoje, com a saída de Edson Fermiano da Secretaria de Governo, quem, do Executivo, tem condições de fazer a interlocução com o Legislativo?”, indaga ele.
Segundo Azuaite, somente através da conversa franca a atual crise política poderia chegar ao fim. “Quando existem insatisfações, estes problemas se resolvem a partir do diálogo. Este diálogo está cada vez mais difícil. Qual é o papel do Legislativo? É o de fiscalizar. Se existe situação que precisa ser investigada, se abre um dispositivo legal e se investiga. Ora, quando o poder que deve fiscalizar, faz seu papel e fiscaliza, este fiscal deve ser punido? Se for assim é porque existe algo a ser escondido”, destaca.
Quanto à demissão de 28 ocupantes de cargos de confiança ligado a vereadores, Azuaite ressalta não ser contra a nomeação por parte de vereadores ao Executivo, mas deixa claro que esta relação não pode ser “comercial”.
“Eu não indiquei ninguém para cargo no Poder Executivo. Tem vereadores que indicaram. Penso que a pessoa indicada só chegou ao cargo porque o prefeito concordou com isso. Não vejo problema nenhum nisso. Agora, se o prefeito está comprando apoio no Legislativo, aprovação de seus projetos em troca de cargos, isso não é correto, não é republicano. Não condeno vereador que indicou cargo e não condeno o prefeito por manter estes cargos. O que condeno é relação mercantil entre as partes com uma parte tentando se vender e a outra parte tentando comprar. Se for este o princípio que norteia esta relação eu condeno. Se não for isso não tem problema”, comenta Azuaite.
De acordo com ele, o papel do Poder Legislativo é fiscalizar o Poder Executivo. “Se existe algum indício de irregularidade, a Câmara deve investigar, seja através de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito ou através de uma representação ao Ministério Público para que a Promotoria investigue. É desta forma que vejo este imbróglio”, conclui o vereador.
OUTRO LADO
O PRIMEIRA PÁGINA tentou ouvir o prefeito Airton Garcia (União Brasil) sobre a saída do secretário Edson Fermiano do governo e da crise com a Câmara Municipal. O prefeito não atendeu as ligações e nem retornou. A reportagem foi ao quinto andar da Prefeitura Municipal e ele também não estava no seu local de trabalho.
Segundo seu Chefe de Gabinete, José Espírito Santos Pires, mais conhecido como “Carneirinho”, Airton estaria visitando obras na Região do 29 e também no Distrito de Santa Eudóxia e por esta razão não estaria no Paço Municipal. Nos próximos dias, o prefeito deverá se manifestar sobre estas questões.
