Carreira política não empolga público feminino
Estudo do Congresso mede crescimento lento de candidaturas femininas
Um estudo técnico da Câmara dos Deputados realizou uma análise das candidaturas ao legislativo municipal durante as eleições municipais de 2020. Foram efetuados cruzamentos por sexo, cor/raça, partido, estado e município. Vale lembrar que estes números ainda podem mudar, seja por ação dos próprios partidos complementando as chapas, seja por ação da Justiça, cassando quem não cumprir a lei. Até o prazo estipulado pelo calendário, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou 509.137 candidatos a vereador, sendo 334.172 (65,63%) homens e 174.965 (34,37%) mulheres. Observa-se que o número total de candidaturas cresceu bastante em 2020 calculando cerca de 70 mil candidatos a mais (16,57%) do que foi apresentado no pleito de 2016. Em São Carlos este incremento ficou em torno de 39%, sendo 339 postulantes da eleição anterior ante 471 deste pleito.
Este aumento era esperado devido ao efeito do fim das coligações para eleições proporcionais, que obrigou os partidos a concorrerem pra vereador com chapa própria. Analisando por sexo, considera-se que a proporção de candidatas mulheres vem crescendo, mas muito lentamente, permanecendo bastante próxima ao percentual mínimo exigido em lei. Isto parece indicar que a força propulsora deste crescimento ainda é a exigência legal. “As mulheres gostam de política tanto quanto os homens e têm, na minha opinião, uma capacidade até melhor de compreender alguns fenômenos”, enfatiza o analista político, Henrique Affonso de André. “Creio que uma maior participação, equilibrada entre homens e mulheres é uma questão de tempo”, prevê.
A variação do percentual de candidatas mulheres entre os estados é relativamente pequena, indo de 32,9% em Pernambuco a 36,3% em Roraima, oscilando entre 33% e 35% nos demais estados da federação. Até o dia 26 de setembro (sábado), do total de 471, São Carlos registrou a participação de 156 mulheres (33,12%). Isto demonstra que o baixo número de mulheres candidatas é uma realidade nacional mais ou menos homogênea entres as unidades da federação. Nenhum partido ultrapassa os 50% de candidaturas femininas aferido nacionalmente.
Apenas dois partidos pequenos têm mais de 40% de mulheres concorrendo, a UP e o PSTU, ambos com apenas uma centena de candidatos lançados no país. “A participação da mulher na política é de fundamental importância para a consolidação da democracia, hoje já existem alguns incentivos para participação das mulheres no pleito eleitoral, como a cota de participação e destinação de recursos, entretanto, é necessário que os partidos abram mais espaços de liderança pra mulheres e na tomada de decisões”, avalia o especialista político Guilherme Rezende. “É necessário que nós, enquanto sociedade, também fortaleçamos as candidaturas femininas por meio do nosso voto”, complementa.