‘Com Moro de vice, Bolsonaro ganha no primeiro turno’
Articulador político do
Palácio do Planalto, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo
Ramos, avaliou que uma dobradinha entre o presidente Jair Bolsonaro e o
ministro da Justiça, Sérgio Moro, seria imbatível na disputa de 2022. “Eu
falei para o presidente que, se hoje ele fosse tentar a reeleição, com Moro de
vice, ganhava no primeiro turno, disparado”, afirmou Ramos ao jornal O Estado de S. Paulo, sem mencionar o
atual vice, Hamilton Mourão. O general disse, porém, que Bolsonaro não enxerga
essa possibilidade. “Ele não vê nada disso.” Ex-juiz da Lava Jato,
Moro enfrenta resistências para emplacar o pacote anticrime no Congresso e é
alvo de questionamentos, mas ainda mantém a popularidade e foi aplaudido de pé,
no sábado, 30, em show do cantor Roberto Carlos, em Curitiba.
O governo prepara uma reforma ministerial?
O presidente ficou um pouco contrariado com
notícias que saíram sobre isso. Ele brincou comigo: “Ramos, eu vi logo que
era fake news porque seu nome não estava lá (entre as possíveis
mudanças)”.
Mas, nos últimos dias, muitos pediram, por
exemplo, a cabeça do ministro da Educação, Abraham Weintraub.
Quando acontece isso, aí é que ele não tira. Se
o presidente tiver interesse em mudar, (será) no ano que vem… Agora é chance
zero de isso ocorrer.
O “ano que vem” já está aí…
Eu digo março, abril.
Mas o ministro Weintraub não exagera nas
redes sociais?
Sim, mas… Até o general Fernando (Fernando
Azevedo, ministro da Defesa) ficou chateado com aquela postagem do Dia da
República, que ele botou o Deodoro da Fonseca ao lado do presidente Lula (no
Twitter, Weintraub chamou a Proclamação da República de “o primeiro golpe
de Estado no Brasil”). Agora, ele tem de responder pelo que fala. Eu não
posso falar nada. Tenho 72 mil seguidores, mas não ligo para esse bichinho aqui
(aponta para o celular). Você tem de tomar cuidado com o que escreve e posta,
porque pode cometer um erro grosseiro, ofender pessoas.
Essa situação preocupa?
Esquece o Weintraub. Estamos vivendo, graças a
Deus (bate na mesa três vezes), um momento feliz, de muita serenidade nas
mídias sociais.
Sem o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) nas
redes…
Vocês é que falaram, não fui eu. Não estou
dizendo que o Carlos está fora, nada disso.
É uma coincidência?
Eu não sei.
O governo adiou o envio da proposta de
reforma administrativa ao Congresso por medo de protestos de rua?
Não. O Paulo Guedes (ministro da Economia) ficou
chateado, mas o presidente achou que este projeto agora ia dar ruído. Havia
coisas que iam bater no Judiciário e ficaram algumas pontas soltas. A reforma
será apresentada com melhoramentos.
Por que o pacote anticrime do ministro da
Justiça, Sérgio Moro, não avançou no Congresso?
Eu acho que não correspondeu ao clamor da
sociedade. Mas o ministro Moro tem razão. Eu, por exemplo, tive um sobrinho de
31 anos assassinado numa saidinha de banco, no Rio. Agora teve um sargento
assassinado porque o bandido queria o celular.
O ministro Moro poderá ser vice numa chapa
liderada pelo presidente Bolsonaro, em 2022?
Eu falei para o presidente que, se hoje ele
fosse tentar a reeleição, com Moro de vice, ganhava no primeiro turno,
disparado. Mas o presidente não vê isso como uma possibilidade. Mas não vê
porque não vê nada disso (risos). Seria importante ele ter, sim, um novo
mandato para arrumar a casa. Sinceramente, em quatro anos não dá para consertar
tudo.
O ex-presidente Lula ainda pode ser o
principal adversário de Bolsonaro, caso volte a ficar elegível?
Ué, mas ele não foi condenado de novo? Pergunta
difícil, mas eu acho que não. Lula saiu com muito ódio (da prisão). Passou do
ponto.
O que o sr. acha de propostas que tramitam no
Congresso para retomar a prisão após condenação em segunda instância?
Sou da opinião do ministro Moro: é necessário
retomar a segunda instância para a segurança pública e a jurídica. Temos o
sentimento de impunidade pela quantidade de recursos que existem esquece o
presidente Lula. Vamos falar de traficantes, assassinos… Olha o tanto de
gente que foi solta.
O Supremo Tribunal errou?
Não. Só que tomou uma decisão, em 2018, de
manter a segunda instância e, um ano depois, mudou. Quem é que mudou o voto
ali? Rosa Weber. O que houve? Pressão? Não sei.
O presidente corre o risco de não conseguir
aprovar no Tribunal Superior Eleitoral a Aliança pelo Brasil a tempo de o novo
partido disputar as eleições municipais. Isso não pode prejudicar o projeto de
reeleição?
É muito cedo para traçar qualquer quadro. O
partido pode não concorrer (em 2020), mas isso não quer dizer que o presidente
não possa ter candidato na eleição nem que esse nome não possa mudar para a
Aliança depois. Não façam uma leitura equivocada de um craque na política.
Prefeito pode mudar de partido.
E quem ele vai apoiar em São Paulo?
Só acho que não vai apoiar a Joice Hasselmann
(deputada do PSL e ex-líder do governo no Congresso), pelo que houve. É dedução
minha, porque em política acontece muita coisa.
Em recente reunião, deputados do Centrão
ameaçaram travar votações, caso o governo não pagasse emendas nem liberasse
cargos. Como resolver isso?
Já resolvemos, graças a Deus. Confesso que, no
dia dessa reunião, havia um déficit e não sabíamos como resolver. Diziam assim:
“O senhor não pode ir lá. Vai enfrentar os leões do Centrão?”. Eu
respondi: “Qual é o problema? Participei de negociação no Haiti, Copa,
Olimpíada, pancadaria. Ninguém vai bater em mim”. Logo depois, o
presidente determinou que o Paulo Guedes desse uma solução, com R$ 2 bilhões
para a Câmara e R$ 400 milhões para o Senado. Até o fim do mês, cada
parlamentar receberá os seus R$ 20 milhões em emendas para sua base eleitoral.
E isso não é toma lá, dá cá?
Espera aí. No início do governo foi dito que,
para esse ano, teríamos a reforma da Previdência e outras pautas. Então, houve
esse acordo. O deputado do Paraná, por exemplo, foi eleito por causa de
municípios, que exigem dele recursos para hospitais, colégios, etc. Se no passado
isso permitia desvio, é outra coisa Nós exigimos projeto. Agora, só vão votar
se der o dinheiro? Eu acho que não. Na MP 890 (que instituiu o programa Médicos
pelo Brasil) houve mesmo um pouco de pressão. Faz parte. A democracia é assim.
Mas há fogo amigo na relação entre o sr. e o
ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, por causa da articulação política.
Não existe fogo amigo entre mim e Onyx. Esquece.
Eu gosto muito do Onyx e estou dando continuidade ao excepcional trabalho
realizado por ele. Peguei um trem em movimento. Não sei quem é que faz a
intriga, mas o meu setor não é.
O governo vai agora apoiar a abertura de
cassinos no País?
O presidente disse que tem de debater a ideia
com a sociedade, com os evangélicos. Uma coisa é abrir um cassino em Brasília,
que não faz sentido. Outra é na Amazônia, em uma área que precisa se
desenvolver, como foi feito em Atlantic City ou Las Vegas (EUA). Mas é preciso
ver os efeitos colaterais, as possíveis associações com drogas, contravenções.
KKKKKKKKKKKKKKKKkkk , agora conta uma de papagaio , em 2022 Moro estará na cadeia juntamente com o Bozo .