Cortes em salário de autoridade vira bandeira política no combate à covid-19
Ideias que visam redução salarial de políticos ganham força em meio à pandemia
O avanço do coronavírus no Brasil deflagrou um movimento
pela redução salarial de autoridades públicas como prefeitos, secretários,
vereadores e deputados. Em São Paulo, ainda que haja resistência, a ideia se
converteu em projetos no Legislativo estadual e em câmaras municipais, até com
adesão de grupos como o Vem Pra Rua.
Na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), o partido Novo apresentou
quatro propostas de redução salarial escalonada, chegando a propor cortes não
só para deputados e comissionados, mas também para servidores concursados. O
jornal O Estado de S. Paulo apurou que as proposições enfrentam resistência
entre os deputados, que discutiram a proposta em um grupo de WhatsApp.
Líder do PSDB na Alesp, a deputada Carla Morando disse que a ideia de reduzir o
salário dos deputados tem a oposição daqueles que dizem depender do salário
para pagar contas. “Há uma resistência grande de deputados que dizem ter o
salário contado para o sustento da família. Eu, que doei meu salário, defendo
que o poder público tem que aceitar uma redução para combater o
coronavírus”, disse.
A deputada Janaina Paschoal (PSL) apresentou um projeto de resolução que prevê
a transferência de recursos de verba de gabinete e de parte do salário dos
deputados ao Tesouro Estadual para o combate à covid-19. Ela defende que o
salário dos deputados seja reduzido em 59% durante a calamidade e que sejam
suspensas a gratificações especiais da Casa.
A parlamentar assina um projeto que prevê a destinação de 50% a 95% da verba de
gabinete dos deputados (pouco mais de R$ 30 mil por mês para cada um), além das
emendas, para um fundo de combate à covid-19. “O exemplo poderá, em alguma
medida, incentivar o Poder Judiciário a também desvincular seu elevado fundo
para o combate aos efeitos da pandemia”, justifica a deputada.
O presidente estadual do PSDB paulista, Marco Vinholi, defende que a iniciativa
também atinja
outros municípios. O partido comanda 220 prefeituras em São Paulo. “É
fundamental que os gestores diminuam o custeio da máquina pública. Momento de
apertar os cintos, criando pontes para atravessar o período de pandemia”,
afirmou.