19 de Abril de 2024

Dólar

Euro

Política

Jornal Primeira Página > Notícias > Política > Crise ajuda na alta popularidade de Dilma

Crise ajuda na alta popularidade de Dilma

04/04/2012 22h25 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Crise ajuda na alta popularidade de Dilma

O contraste entre a turbulência vivida fora do Brasil, em especialem uma Europacom índices de desemprego crescente, e a sensação de bem-estar econômico do brasileiro levam a população a creditar à presidente Dilma Rousseff e sua equipe a blindagem do país e isso explica o salto na aprovação pessoal dela mostrado em uma pesquisa nesta quarta-feira, 4.

 

Segundo levantamento CNI/Ibope, a aprovação pessoal da presidente subiu para 77 por cento em março, ante 72 por cento em dezembro, e a avaliação positiva do governo se manteve estável em 56 por cento . Para analistas ouvidos pela Reuters, a crise financeira internacional ajudou a alavancar a popularidade de Dilma.

“Há uma atmosfera de que nada está acontecendo de dramático no país… O povo vê a crise lá fora mas não aqui, e isso é atribuído a ela (Dilma)”, disse o cientista político Bolivar Lamounier.

Para o diretor do comitê operacional da consultoria de segurança estratégica Eurasia, Christopher Garman, o governo também ganha porque uma crise externa diminui a expectativa da população sobre a administração local.

“O que importa (para a população) é onde está indo a renda real e o desemprego”, disse Garman.

O mercado de trabalho e o ganho na renda real – neste início de ano especialmente de quem ganha salário mínimo -, fizeram com que a notícia da manutenção dos índices de aprovação não surpreendessem o governo. No Planalto, os índices foram comemorados com discrição, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters.

 

POPULARIDADE E CONGRESSO

Assessores do governo, que preferiram comentar de maneira reservada os resultados da sondagem, afirmaram que a alta aprovação pessoal da presidente é importante por chancelar a atuação de Dilma em relação ao Congresso, fonte de constantes dores de cabeça do Planalto desde o início de seu mandato.

Nas últimas semanas, a presidente enfrentou uma crise na base aliada em que parlamentares chegaram a ameaçar não votar projetos de interesse do governo e impuseram a Dilma uma derrota simbólica ao rejeitar a recondução de um nome dela à direção da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

“Para ela (Dilma) é principalmente importante ter um alto índice quando ela está espremendo os aliados”, afirma Garman.

Apesar de tentar mudar a relação com o Parlamento e com aliados, a presidente nem sempre tem conseguido fugir da sistemática de costurar apoios a partir da distribuição de emendas parlamentares e cargos.

“Vida mansa no Congresso ela não tem, mas, essa resistência em relação ao método político do Congresso, que não tem boa imagem, traz ganhos indiretos”, disse Lamounier, que atribui parte da popularidade de Dilma a sua forma de fazer política, que transmite uma impressão de ser menos compatível com corrupção.

Garman vai na mesma linha. “O estilo de governar dela caiu bem com a classe média.”

 

CAPITAL POLÍTICO E ECONOMIA

Segundo o analista do Eurasia Group, o dado mais impressionante da pesquisa foi a demonstração de que a aprovação do governo não caiu ao longo do primeiro ano, ao contrário das administrações anteriores.

“O Brasil vive um boom de renda… mas no fundo, Dilma herdou um país que estava extremamente favorável”, disse Garman. “Mas ela não tem o mesmo capital político que Lula.”

Por isso, a boa fase do governo com a imagem que a população faz dele dependerá mais do futuro da economia –em especial dos índices de emprego– do que dos embates políticos da presidente com sua base.

O quadro econômico, porém, já começa a apresentar problemas, ainda que neste momento não sejam tão perceptíveis para a população, disse o gerente executivo de políticas públicas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ao comentar a pesquisa com jornalistas nesta manhã.

“As dificuldades que temos no setor industrial ainda não se manifestaram no mercado de trabalho como um todo… Embora de dezembro pra cá, do ponto de vista da economia, as dificuldades possam ter se acentuado, essa percepção com certeza está distante”, disse Castelo Branco.

Daí o esforço que o governo tem feito para estimular a economia para chegar a um crescimento ao redor de 4 por cento este ano, depois da expansão de 2,7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, e assim garantir a contínua geração de empregos.

“A presidente está numa camisa de força em relação às opções na economia, no câmbio… Ela precisa desse capital (a aprovação alta) para encontrar um caminho e deixar sua marca pessoal”, disse Lamounier.

Recomendamos para você

Comentários

Assinar
Notificar de
guest
0 Comentários
Comentários em linha
Exibir todos os comentários
0
Queremos sua opinião! Deixe um comentário.x