E agora, Dr.???
Alvejado por todos os lados, Fermiano está numa encruzilhada. Praticamente sem função o que ele fará?
Edson Fermiano entrou na política pelas mãos do então prefeito Dagnone de Melo em 1997. Depois disso elegeu-se vereador por vários mandatos, ocupando a presidência da Câmara Municipal por várias vezes. Advogado experiente, ex-presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Fermiano se mostrou um parlamentar atuante e sempre afeito ao diálogo.
Tais qualidades fizeram com que ele passasse por vários governos municipais como vereador, sempre desempenhando, com capacidade, o papel de articulador, diplomata e conciliador. Em 2016 ele foi um dos artificies da candidatura de Airton Garcia à Prefeitura de São Carlos. Uma vez eleito, Airton premiou o “Dr.”, como é conhecido com o comando da Secretaria Municipal de Governo. Atuando na função da articulação política, primou pela boa relação com os vereadores, garantindo a governabilidade durante os quatro anos e também a aprovação de projetos importantes, inclusive os empréstimos junto a instituições financeiras que garantiram dezenas de milhões de reais que resultaram no maior programa de recapeamento asfáltico da história do município.
A partir da reeleição de Airton Garcia em 2020, os ventos políticos começaram a mudar. A esquerda conseguiu voltar a ter cadeiras na Câmara com a eleição de vereadores do PSOL e do PT com boa votação. Os problemas de saúde do prefeito e o conflito direto entre Airton Garcia, juntamente com o núcleo duro do Governo e o vice-prefeito, Edson Ferraz e vários de seus aliados, começou a esgarçar a relação entre Executivo e Legislativo e a desfazer a costura política que garantia, até então, uma convivência pacífica e harmônica.
O clima de guerra chegou atualmente ao seu ápice. O Legislativo acaba de aprovar uma Comissão Processante contra o prefeito no Caso da Entulheira e uma CPI que vai investigar possível interferência do alto escalão do Governo numa licitação pública. Como resposta, o prefeito exonerou vários ocupantes de cargos de confiança, o que foi como apagar uma fogueira jogando gasolina.
Antes que a situação chegasse a tal ponto, Fermiano foi convocado pelo Governo para colocar panos quentes nas coisas, apaziguando os ânimos, o que era, àquela altura do campeonato, uma missão quase impossível. Os vereadores reforçaram que tinham respeito pelo Dr., mas se negaram a recuar de suas decisões. Por outro lado, o núcleo duro do Governo debitou na conta de Fermiano o fracasso das negociações e a abertura tanto da CPI quanto da CP no Legislativo.
No meio de todo este imbróglio, Fermiano, que ficou fora das articulações políticas neste mandato, é alvo de amigos e inimigos. Muitos dos exonerados o culpam diretamente pelas suas demissões. Assim, amigos e inimigos o estão atacando, afirmando até mesmo que teria sido ele, Fermiano, o autor da famosa lista das 28 demissões. Assim, alvejado por todos os lados, Fermiano está numa encruzilhada. Praticamente sem função o que ele fará? Será que ele deve voltar pra casa? E agora, Dr.????