Fake News ameaçam campanha eleitoral digital
A propagação das chamadas fake News ou notícias falsas
através das redes sociais deve assombrar e tumultuar as eleições municipais. O
uso de perfis falsos e de robôs para propagar inverdades também poderão ser
táticas de candidatos inescrupulosos na campanha eleitoral para as eleições
municipais marcadas para outubro. Alguns
candidatos poderão tentar vencer o pleito jogando sujo, como tem sido comum em
todo o país.
A análise é do historiador e cientista social Fransérgio Follis. Segundo ele, a
dificuldade de fiscalização por parte da Justiça Eleitoral e o sentimento de
impunidade por parte dos infratores acabam incentivando esta prática “perversa”
que pode levar o eleitorado a escolha equivocadas e a eleger pessoas de mau
caráter.
Formado em História pela UNESP de Franca, Fransérgio é mestre em História pela
mesma
universidade e doutor em Sociologia pela UNESP de Araraquara. Ele atualmente ministra aulas da área de Ciências
Sociais nos cursos do Centro Universitário UNICEP.
As eleições de outubro deste ano devem ser as mais digitais da história do
Brasil. O isolamento social causado pela pandemia do novo coronavírus deve
impedir, por exemplo, a realização de comícios, que era a principal estratégia
utilizada para o contato direto entre candidatos e eleitores, principalmente em
cidades pequenas onde não existe horário eleitoral gratuito em televisão. “Sem
esta alternativa, a internet e as redes sociais serão muito importantes. Não
sabemos se os comícios acabarão de vez, mas nesta campanha eleitoral fatalmente
não teremos comícios”.
PROJETOS – Fransérgio alerta que a população deve analisar com cuidado as
propostas dos candidatos e a viabilidade destas propostas e também se o
candidato tem capacidade de gerir a cidade. “O eleitorado não deve se apegar a
propostas vazias, como, por exemplo, um candidato que prega ‘defender a
família’. Nem sempre ele deixa isso claro. Até porque hoje temos novos tipos de
famílias. Mais do que palavras vazias o eleitor deve cobrar soluções concretas
para os problemas de sua cidade”, alerta o professor.
EFEITO BOLSONARO – Com relação à influência do presidente Jair Bolsonaro nas
eleições municipais, Fransérgio ressalta que tudo dependerá de como estará a
popularidade do capitão reformado no período mais quente da campanha eleitoral.
“Com certeza, aliados e adversários estarão monitorando a popularidade do
presidente Bolsonaro. Se ele estiver em alta, candidatos conservadores ligados
a ele tentarão colar a imagem a do presidente, ressaltando parcerias e projetos
em conjunto para o próximo mandato. Caso seja o contrário, ou seja, o
presidente esteja em baixa, os aliados se afastarão dele e os adversários
tentarão desgastar os candidatos bolsonaristas. Mas tudo vai depender muito do
momento e de como o Brasil vai sair da crise da Covid-19”, destaca o
historiador.