Independência ou morte!
Erick Silva*
Sobre o Grito do Ipiranga haverá muitas dúvidas sobre as circunstâncias e demais detalhes do fato histórico, mas realmente foi parte do processo de independência do Brasil em relação à metrópole portuguesa.
Em relação aos portugueses também “ta ok”, mas a frase heróica ”independência ou morte” se valesse estávamos todos mortos, porque independente o Brasil nunca chegou a ser e atualmente estamos rumando na direção contrária, e vale a pena falar disso nesse dia.
Para começar, a independência datada em 7 de setembro de 1822 já veio guarnecida das dívidas assumidas com a Inglaterra (as de Portugal e novas pela “mediação” inglesa), entre outros argumentos para nos esfolar.
Mas vamos falar do Brasil de 2021:
Um país que entrega seu sistema elétrico para empresas estrangeiras é independente? E suas reservas de petróleo? Portos e aeroportos? Telecomunicações?
Então se houvesse uma guerra todas essas áreas estratégicas estão submetidas à tecnologia e controle dos estrangeiros? Sim!
O Brasil é independente e soberano ou a cada dia é mais dependente?
Mas e as Forças Armadas? Bom, são forças compostas por brasileiras e brasileiros, mas armas e equipamentos importantes são todos importados; a indústria bélica nacional foi toda desmontada. A última tentativa de termos aviões caça comprados com transferência de tecnologia para nossa potente indústria de aviões, EMBRAER, foi abortada e a própria empresa só não foi totalmente vendida para os americanos por condições de mercado, o governo já havia entregado.
Se do ponto de vista objetivo a partir desses exemplos simplistas vemos que a independência está distante, nosso povo demonstra que pretende continuar lutando pela democracia e com os instrumentos que a democracia disponibiliza.
Além de atos de todas as cores e mesmo sem falar, a pauta é a independência e a alma da República. As pessoas vão às ruas para mudar o rumo das coisas e colocar fim ao golpe de 2016 que tirou o Brasil do rumo, e foi para isso mesmo que foi dado, para submeter o país e seu povo.
Alem de movimentos legítimos que pedem o fim desse governo genocida, provavelmente o Grito dos Excluídos, que acontece todos os anos em 7 de setembro, seja o mais legítimo de todos os atos do calendário de lutas da esquerda, e neste ano que os excluídos crescem a cada dia, toma ainda mais importância.
Que o Grito dos Excluídos de 2021 atinja seu objetivo, por um país igualitário para todas as pessoas, e pela independência que nunca conseguimos.
*Erick Silva – Cientista Social/Mestre em Políticas Públicas