Investigação mira Aécio e ex-procurador por arquivar processo contra deputado
O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e o
ex-procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Martins Vieira, são investigados
por suposta interferência para arquivar processo criminal contra o deputado
federal Dimas Toledo (PP-MG), ex-diretor da Furnas e antigo aliado do tucano. O
caso é apurado sob sigilo e está no Supremo Tribunal Federal devido à
prerrogativa do foro privilegiado dos parlamentares.
Aécio teria agido para arquivar as investigações contra Toledo no Ministério
Público e na Polícia Civil do Rio de Janeiro. Os nomes de Marfan Martins Vieira
e do delegado Fernando Veloso, ex-chefe da corporação, são citados por suposto
conhecimento do esquema.
As investigações derivam da delação premiada do ex-governador do Rio de
Janeiro, Sérgio Cabral, homologada em fevereiro pelo ministro Edson Fachin,
relator da Lava Jato no Supremo.
Segundo Vieira, as acusações são “levianas, inverídicas e temerárias,
formuladas por um delinquente sem a menor credibilidade”. Em fevereiro do
ano passado, o ex-procurador-geral de Justiça havia sido citado por Cabral
durante depoimento ao Ministério Público Federal por suposta atuação pelo
arquivamento de processos relacionados ao ex-governador.
Em troca, Cabral disse aos procuradores que atuaria para reconduzir Vieira à
chefia da promotoria fluminense.
À época, Marfan Vieira afirmou não haver nexo entre os motivos alegados por
Cabral e a sua nomeação. O ex-procurador-geral ocupou a chefia do Ministério
Público fluminense entre 2013 a 2017, entre as gestões de Cabral e Luiz
Fernando Pezão.
Dimas Toledo e Aécio Neves também são investigados na Lava Jato por propinas da
Odebrecht e da Andrade Gutierrez. O tucano foi acusado pela PF de receber R$ 65
milhões em vantagens indevidas entre 2008 e 2011, período em que ocupou o cargo
de governador de Minas Gerais e senador federal.
Toledo agia como intermediário dos pagamentos, e foi indiciado por corrupção
passiva.
Na época do Mensalão, Toledo ficou conhecido pela chamada “Lista de
Furnas”, que apontaria o nome de 156 políticos de oposição supostamente
beneficiados com recursos da estatal via caixa dois nas eleições de 2002.
O ex-diretor também foi delatado por Ricardo Assaf na Operação Descarte como
suposto beneficiário de R$ 3,7 milhões de um total de R$ 40 milhões desviados
da Companhia Energética de Minas (Cemig).
O gabinete do deputado afirmou que “não tem conhecimento de nenhum
processo ou investigação contra si instaurado no Rio de Janeiro e jamais
respondeu por qualquer fato relacionado ao seu mandato junto ao Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro”
Em nota, o criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende Aécio Neves,
afirma desconhecer completamente o assunto e “lamenta, mais uma vez, o
vazamento seletivo e parcial de informações sem que o acusado, por desconhecer
a acusação, possa se defender”.
O delegado Fernando Veloso disse que desconhece “qualquer fato como esse e
eu jamais intervi em investigação nenhuma”.