Melo aposta em repetição da polarização nacional em São Paulo
Para ex-prefeito, ficar de fora deste jogo poderá atrapalhar a reeleição do atual governador paulista, Rodrigo Garcia, do PSDB
O ex-prefeito de São Carlos e coordenador regional do PSD, Dagnone de Melo, afirmou ontem que a polarização entre petistas e bolsonaristas que está ocorrendo em nível nacional, deverá se repetir durante a campanha eleitoral deste ano, em São Paulo. Se isso se confirmar, segundo ele, o maior prejudicado deverá ser o atual governador paulista e candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB). “Ele ficará sem palanque e sem discurso em meio a um país e um Estado dividido por duas grandes forças. Assim, a tendência é que o segundo turno em São Paulo seja disputado entre o petista Fernando Haddad e o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos)”, afirma ele.
Melo ressalta que vê mais qualidades em Tarcísio do que em Bolsonaro. “O Tarcísio se mostrou um em engenheiro capaz, um técnico competente, que, por exemplo, aposta no modal ferroviário como solução econômica para o sistema de transportes de SP e do Brasil. É um moço com uma grande visão administrativa e de futuro que merece governador a locomotiva do Brasil. Já mostrou que é capaz. Considero-o até uma liderança mais preparada que o atual presidente Jair Bolsonaro”, comenta ele.
Para o ex-prefeito são-carlense, a candidatura de Rodrigo Garcia esbarra no “cansaço” do povo paulista com os governos tucanos. “O PSDB está no comando do Palácio dos Bandeirantes há 28 anos. É um partido que já encheu seu álbum com todas as figurinhas possíveis. É hora de uma alternância de poder em São Carlos e Tarcísio se mostra o mais preparado”. Apesar de sua preferência, Melo também vê qualidades nos pré-candidatos Haddad e Rodrigo Garcia. “Sem dúvidas, eles têm qualidades. Assim, embora tenha minha preferência, com qualquer resultado São Paulo terá alguém capaz de levar a gestão adiante”, destaca Melo.
Com relação à possiblidade de Rodrigo Garcia ter o apoio de mais de 500 prefeitos, a máquina do governo nas mãos e um bom tempo de TV para o horário eleitoral, Melo afirma que estas vantagens não garantem a ninguém uma vitória eleitoral líquida e certa. “Em 1994, o governador Luiz Antonio Fleury tinha tudo isso, mas seu candidato, Barros Munhoz sequer foi para o segundo turno, mostrando que muitas destas vantagens colocadas à prova, se transformam em pó. Um engodo é o apoio de prefeitos. Na verdade, todos os prefeitos querem sugar até a última verba possível do governo estadual. Geralmente eles não apoiam ninguém e ficam de olho em quem vai ganhar, pois será para este que terão que reivindicar no ano que vem”, ponderou.
PESQUISAS
Melo também afirma que as pesquisas eleitorais neste momento não têm grande valor para se medir o que vai acontecer em 2 de outubro. Segundo ele, embora a pesquisa seja um retrato do momento, a maioria da população está mais preocupada se o Corinthians vai enfrentar o Tolima ou o Flamengo nas quarta-de-final da Libertadores da América ou se o Palmeiras vai derrotar o Cerro Porteño do que quem vai ganhar as eleições em São Paulo ou no Brasil. “Vai chegar o momento da disputa, que deve ser acirrada e que vai movimentar o povo. Mas hoje, tirando os próprios políticos e a imprensa, muito pouca gente está preocupada com as eleições de outubro”.
Ainda com relação a pesquisas, Melo disse que ganhou duas eleições em que as pesquisas colocavam outros candidatos na frente e perdeu duas eleições na qual as pesquisas o mostravam como franco favorito. “O que vale mesmo numa eleição é a pesquisa da urna. Esta nunca falha”, conclui ele.