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Ney Vilela aposta em eleitor “pragmático” em novembro

Segundo historiador e escritor, eleitor vai preferir o candidato a prefeito que “pode melhorar sua vida” e o candidato a vereador “que merec

25/09/2020 13h15 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Ney Vilela aposta em eleitor “pragmático” em novembro Foto: Arquivo Pessoal

Professor, escritor, autor de vários livros e profundo conhecedor da política são-carlense, Ney Vilela mostra pessimismo com o quadro eleitoral de São Carlos. Ele não acredita que existam muitos projetos para o município e afirma que o município, a partir da próxima gestão, precisa ajudar a iniciativa privada a gerar empregos simplesmente não atrapalhando.

PP – São Carlos tem 12 candidatos. A que se deve isso: troca de gerações, excesso de vaidade ou mudanças na legislação eleitoral e fundo partidário?

NEY VILELA – Todas as alternativas são verdadeiras, mas há maior relevância na questão da legislação eleitoral: uma cláusula de barreira entrará em vigor a partir das eleições de 2022 e partidos com pouca significância eleitoral perderão várias prerrogativas de representação nos parlamentos, de participação em fundos partidários e de propaganda gratuita. E todos sabemos que campanhas para deputados se estruturam também a partir de apoios políticos municipais, daí a necessidade de produzir candidaturas nas atuais eleições municipais. A proibição de coligações para chapas de vereadores também obriga os partidos a ter candidatos a prefeito para “puxar” votos.

PP – Um número maior de candidatos significa mais democracia pelo maior número de alternativas ao eleitor ou um cenário complicado para quem vai escolher um candidato com um bom projeto?

NEY VILELA – Acho que não podemos medir a democracia pelo número de candidatos, mas pela representatividade deles, pela lisura das campanhas e pela qualidade dos debates entre as várias propostas. Muitos candidatos acabam por significar pouca qualidade das lideranças, que se mostram incapazes de arregimentar vastos segmentos sociais e de interesses político-econômicos ao seu redor.

PP – O que deve ter um bom projeto de cidade na campanha do candidato?

NEY VILELA – Em épocas passadas, coordenei a produção de alguns planos de governo. Os que ficaram mais interessantes foram os que contaram com a participação de uma grande equipe de colaboradores. Ou seja, o melhor projeto é aquele que junta a colaboração de maior número cidadãos e isso depende da empatia e da liderança do candidato. Quem tem um bom projeto é quem o construiu escutando a sociedade em que vive. Provavelmente tem pouquíssimos projetos bons para serem oferecidos aos eleitores. Espero estar errado, mas temo estar certo nesta última afirmação.

PP – São Carlos tem programas de TV. Como um bom programa televisivo pode cativar o eleitor em tempos de redes sociais?

NEY VILELA – Não é tão difícil assim: basta o candidato tratar o espectador como adulto, abordando as questões com objetividade. Se o candidato tentar usar a mesma linguagem simplória e apelativa das redes, o eleitor preferirá as redes pois tem “novidades” a todo momento no WhatsApp e no Instagram. Novidades que podem ser vistas em segundos e cansam menos do que a inserção televisiva.

PP – A campanha de 2018 foi ideologizada e dividiu o Brasil entre democratas e os saudosistas do autoritarismo. Numa campanha municipal há lugar para ideologia?

NEY VILELA – O eleitor olha para o candidato a prefeito e se pergunta: será que esse camarada vai melhorar a minha vida? É essa pergunta que o candidato tem que responder, com ou sem ideologia. Quando o eleitor olha o candidato a vereador, se pergunta: esse cara merece receber meu voto? O vereador precisa merecer o voto do eleitor, com ou sem ideologia, independentemente de escolhas de gênero, de religião, ou de gosto ao se vestir.

PP – No meio de tantos nomes e tanta sopa de letrinhas e etc como um candidato a vereador pode se sobressair? E o eleitor? Como fará para escolher o seu vereador na hora de votar?

NEY VILELA – O vereador, além de mostrar que merece receber o voto, precisa buscar marcar sua imagem. Essa é uma lição que Enéias Carneiro deu a todos os candidatos: construa uma imagem marcante. Quanto ao eleitor, não tenho lições a dar: apenas peço que, ao votar, o eleitor escolha quem lhe defenda os interesses, pois não adianta defender os interesses do “povo cristão”, dos “oprimidos do mundo todo”, ou das “viúvas da ditadura”. Escolha quem vai cuidar do teu bairro, das escolas da cidade, do abastecimento de água, de quem ajudará a gerar emprego na cidade.

PP – Talvez o maior desafio de São Carlos e de toda a região para 2021 seja a geração de empregos. Como gerar postos de trabalhos num cenário totalmente adverso após a Pandemia?

NEY VILELA – Há um velho ditado que diz: “Muito ajuda quem não atrapalha!”. Se a administração municipal reduzir seus gastos e aumentar sua eficiência, não precisará aumentar a arrecadação. Esse fator, sozinho, já ajuda a atrair empresários e investidores. Colaborar para o preparo formal e técnico dos habitantes, também ajuda. Buscar parceiros econômicos, com bons projetos e divulgação das qualidades da cidade, ajuda também. Mas, para isso tudo, é necessário planejamento, conhecimento, liderança e muito, muito trabalho.

PP – A EPTV ameaça não realizar o debate devido ao grande número de candidatos. Até onde um debate pode ou não decidir uma eleição?

NEY VILELA – O debate sempre deveria decidir uma eleição. A EPTV tem suas razões técnicas para se abster de patrocinar um debate, mas existem muito mais razões éticas e de utilidade pública para encontrar um jeito de resolver realizá-lo. E os candidatos, devem ser ainda mais éticos e colaborarem para que as condições para o debate se concretizem.

PP – Suas Considerações finais.

NEY VILELA – Torço para que o comparecimento às urnas seja elevado. Acho que pior do que se arrepender no voto dado é se fugir da responsabilidade de ajudar na busca de caminhos para o desenvolvimento da coletividade em que você vive.

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