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“Rejeição ao PT é relativa”, avalia especialista

Professor Joelson Carvalho afirma que força de Newton Lima na disputa eleitoral revela que demonização petista não é algo absoluto

02/08/2020 06h17 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
“Rejeição ao PT é relativa”, avalia especialista Foto: Arquivo Pessoal

O fato de o ex-prefeito Newton Lima, que já oficializou sua ausência no pleito municipal, sempre aparecer entre os primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto para prefeito de São Carlos revelam que a rejeição ao Partido dos Trabalhadores (PT) não é absoluta como acreditam alguns.  A análise é do professor Joelson Carvalho, que é mestre e doutor em Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP e atua como professor no Departamento de Ciências Sociais da UFSCar.

“A ausência de Newton Lima é menos impactante do que o fato de que ele poderia ganhar a eleição, pois demonstra que a rejeição ao Partido dos Trabalhadores é relativa e não absoluta e que existe uma memória positiva da gestão dele e, por derivação do PT, indicando que, mesmo com os resultados poucos expressivos na última eleição, o partido em questão pode surpreender”, afirma ele.

O pré-candidato do PT é o metalúrgico e sindicalista Erick Silva, que lançou na última sexta-feira, num bate-papo informal pelo aplicativo Zoom, a sua pré-candidatura à corrida eleitoral para prefeito de São Carlos.

O professor da UFSCar afirma que o momento político do Brasil é tão complexo que fica até complicado definir os conceitos de “direita” e “esquerda” dentro da atual luta política, “É difícil fazer projeções tão antecipadas, notadamente em uma fase de pré-candidatos e não de candidatos, ainda mais em uma campanha que será totalmente diferente das demais em função da pandemia na qual estamos. Outra dificuldade é definir esquerda e direita em um contexto de fortalecimento do que se tem chamado de ‘extrema direita’. Nesse sentido, acredito que existe espaço para o crescimento de candidaturas de oposição aos governos federal e estadual que têm se mostrado, cada um à sua maneira, inábeis politicamente frente ao agravamento da situação sanitária e econômica do país”, comenta.

Para Carvalho, partidos progressistas, sindicatos, movimentos sociais precisam deixar claro aos eleitores em específico e à sociedade de maneira geral que o momento histórico no qual estamos ”é sui generis”.  “Não é uma luta simplista estereotipada entre ‘direita versus esquerda’ e, pela primeira vez em muitos anos, isso está desenhado com todas as cores, mas não perceptível a todos”, ressalta.

“Nesse sentido, mais do que projetos políticos, teremos uma eleição na qual se apresentarão candidaturas e projetos de sociedade. Se os partidos ditos progressistas conseguirem passar essa mensagem e a sociedade de maneira geral a entender, teremos um saldo positivo, independente de quem ganhe”, reflete Carvalho.

Ao contrário de outras analistas, ele aposta que o debate nacional influenciará muito as disputas municipais.  “Não há dúvidas de que essa será uma eleição na qual o cenário nacional se fará muito presente. A polarização na política nacional terá impactos e reverberará em praticamente todos os municípios brasileiros. Em São Carlos ainda temos um fato marcante para amplificar essa polarização que é o fato do atual prefeito e candidato à reeleição ter saído do PSB e se filiado ao PSL, partido que elegeu Bolsonaro e que está no centro da atual polarização política nacional”, explica Carvalho.

Por outro lado, ele não minimiza a força dos problemas locais do cidadão. “Todavia, problemas de caráter local relacionados à educação, saúde, emprego, segurança pública e mobilidade farão parte da campanha. Minha percepção é que com o aumento da rejeição do governo Bolsonaro, partidos e políticos de sua base de apoio busquem priorizar os problemas locais e partidos e políticos de oposição ao atual presidente busquem dar destaque a esse fato.”

Carvalho destaca que tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o governador paulista João Dória têm o chamado “capital político”. “Eles foram muito bem votados na última eleição no município, todavia, temos percebido o crescimento das rejeições desses dois nomes por motivos diferentes e complementares. A insistência de Bolsonaro em acabar com o distanciamento social e a de Dória por postergá-lo acabou por contribuir com a politização ideologizada da pandemia e é muito provável que esse movimento seja refletido na disputa local.”

A figura de Bolsonaro, segundo Carvalho, será um divisor de águas. “Mesmo com o desgaste de Bolsonaro e o aumento de sua rejeição, é bom lembrar que ele teve 67% de votos no segundo turno no município, devendo ser ele a materialização do projeto político no qual alguns candidatos buscarão se aproximar e outros se distanciar”, conclui.

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Adhemar
Adhemar
3 anos atrás

Professor universitário doutrinado, simpatizante do PT, expos muito bem como ele pensa. Se perguntar para o que ele acha da condenação do Lula vai dizer que foi golpe.

Doni
Doni
3 anos atrás
Responder a  Adhemar

E não teria como responder outra coisa principalmente para quem está envolvo com o curral.

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