Weintraub diz que recebeu ajuda de ‘dezenas de pessoas’ para chegar aos EUA
O ex-ministro da
Educação Abraham Weintraub afirmou nesta segunda-feira (22) por meio do
Twitter, que recebeu a ajuda de “dezenas de pessoas” para chegar em
segurança aos Estados Unidos Ele usou sua condição de ministro para desembarcar
em Miami no sábado passado e, assim, driblar as restrições de viagens para
brasileiros em razão da pandemia de covid-19. Horas depois, o governo publicou
edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU), exonerando-o do cargo.
“Agradeço a todos que me ajudaram a chegar em segurança aos EUA, seja aos
que agiram diretamente (foram dezenas de pessoas) ou aos que oram por mim.
Aproveito para dizer que estou bem. Quanto à culinária internacional, ontem
fiquei tentado a comer uns tacos, acabou sendo KFC”, postou o ex-ministro,
que aparece em uma foto em frente a um restaurante de culinária mexicana.
A ida de Weintraub aos EUA ocorreu dois dias após ele anunciar em vídeo
publicado nas redes sociais, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que sairia
da pasta. O agora ex-ministro deve assumir o cargo de diretor executivo do
Banco Mundial.
O jornal O Estado de S. Paulo revelara que apoiadores do ministro diziam nas
redes sociais que ele tinha de fugir do País para não ser preso por ordem do
Supremo Tribunal Federal (STF), que o investiga em dois inquéritos. “A
prioridade total é que eu saia do País o quanto antes. Agora é evitar que me
prendam, cadeião, e me matem”, contou Weintraub em entrevista à CNN
Brasil.
Weintraub chegou a se apresentar como ministro ao desembarcar em Miami, segundo
apurou o jornal O Estado de S. Paulo. O Ministério da Educação afirmou que ele
chegou aos EUA por Miami e que a viagem foi feita por meio de avião comercial e
em classe econômica.
Apesar de ter anunciado sua demissão, Weintraub continuava como ministro até a
manhã do sábado (20). Como titular do cargo, tinha direito a passaporte
diplomático.
Na última sexta-feira (19), antes de o ex-ministro deixar o Brasil, o senador
Fabiano Contarato (Rede-ES) protocolou no Supremo Tribunal Federal um pedido
para que o passaporte dele fosse apreendido.
Fake news
O ministro de Jair Bolsonaro é um dos alvos do inquérito das fake news por ter
afirmado, em reunião ministerial, que os 11 ministros do Supremo deveriam ser
presos e se referido a eles como “vagabundos”. Dias depois, já
investigado, repetiu que “já disse o que pensava desses vagabundos”
num ato com apoiadores do governo na Esplanada dos Ministérios.
Ao determinar a liberação da gravação da reunião, Celso de Mello apontou para a
“gravíssima aleivosia” feita por Weintraub em “um discurso
contumelioso e aparentemente ofensivo ao patrimônio moral” dos ministros
do Supremo. No entendimento do decano, as falas caracterizam possível delito
contra a honra (como o crime de injúria).